segunda-feira, 4 de junho de 2012

Tudo o que você queria saber sobre automóveis e tinha vergonha de perguntar
Alfa Romeo TZ3 Corsa, conceito de 2010 feito pela casa Zagato inspirado nos Alfas  "Coda Tronca" de  1962. O formato  da carroceria é inspirado nas Alfa Romeo que usaram carrocerias Kammback.
Tipos básicos de carrocerias III: Fastbacks e Kammbacks
Nessa terceira parte vamos abordar dois tipos de carrocerias que foram associadas à esportividade, mas que surgiram em nome da eficiência aerodinâmica. 

Fastback
Esse tipo de carroceria começou a ser implementada nos anos 30 como forma de melhorar a eficiência aerodinâmica dos carros e de quebra melhorar o conforto dos passageiros, especialmente os que se sentam no banco de trás que deixaram de sentarem em cima do eixo. Havia estudos anteriores sobre esse tipo de carroceria, mas ela só foi implementada com o surgimento do Lincoln Zephir e do Chrysler Airflow. Enquanto o primeiro, de desenho mais conservador teve boas vendas, o segundo, com elementos estéticos que seriam vistos somente na década seguinte como grade de radiador na mesma altura dos para-lamas, por exemplo, não vendeu o que foi esperado.
Dependendo do formato, pode ter configurações de dois, dois volumes e meio e três. O primeiro caracteriza por uma queda suave da linha do teto até os para-choques e foi introduzido na escola "streamline" que buscava uma melhor eficiência aerodinâmica.  A vantagem de uma carroceria aerodinâmica é um melhor desempenho com menos potência e menos consumo de combustível, o que era esperado nesses tempos tão difíceis. Lembre que esses carros surgiram após a quebra da bolsa de 29 e poucos tinham dinheiro para comprar um carro novo. Aos poucos foram dando espaço aos três volumes e peruas nos anos 50 nos EUA e aos hatchbacks na Europa quando esse tipo de carroceria voltou com força nos anos 60 em configuração "dois volumes e meio".
A partir de 1964 com o surgimento dos "poneis cars" (carros "pequenos" [padrão americano que para nós é médio-grande] destinados competir com o Mustang) e "muscle cars" (carros "médios" e grandes com motores  de alta cilindrada em blocos pequenos e grandes) esse tipo de carroceria era mais apreciado pelos jovens compradores desses dragsters de rua. E porque dava um visual mais esportivo apesar de não haver nenhum estudo sério sobre os efeitos da aerodinâmica, o importante não era ter uma carroceria esportiva, mas que parecesse esportiva. Nos anos 70 na Europa esse tipo de carroceria se tornou mais presente em sedans, em especial em alguns mercados como o inglês principalmente nos formatos notchback e liftback que abordaremos na próxima coluna.
Lançado no final de 1935 o Lincoln Zephir, carro de entrada da marca, conseguiu conciliar uma carroceria moderna com um visual mais conservador, mas longe do visual quadrado dos modelos anteriores. Na foto a versão Prestige em informe publicitário da época. Ele atingia espantosos 145 km/h para a época.
Figurinha fácil nos concursos de elegância de Villa D´Este e Peeble Beach, esse Rolls Royce Phantom Coupé 1935 ganhou essa carroceria aerodinâmica feito pela encarroçadora belga Jonckheere. A "barbatana dorsal" contribui para uma maior estabilidade aerodinâmica.
O Chrysler Airflow seguiu à risca a cartilha de aerodinâmica Streamline, usando  tecnologia aeronáutica  como túnel de vento para esculpir essa carroceria de desenho fluido. Apesar da inovação não agradou o público conservador da época e vendeu pouco. As rodas encobertas ajudam a diminuir o arrasto aerodinâmico.
DKW Belcar 1960 em propaganda da época, também adotou uma carroceria fastback que ajudava o seu motor 2 tempos com razoáveis 40 cv (brutos) a ter um bom desempenho para a época. O carro tinha várias inovações para época como a tração dianteira e o câmbio com a chamada "roda livre", e chegou a ter até câmbio semi-automático.
Mustang Boss 1969 no auge da febre dos "muscle cars". A carroceria fastback  agradava o público jovem mas não havia  um estudo aerodinâmico sério. O que importava era parecer aerodinâmico e não ser aerodinâmico. A pressão das seguradoras e normas de emissões mais rígidas acabaram com a festa.
Chevrolet Opala 1971 em dois modelos: o fastback hardtop em primeiro plano e o sedã com desenho mais clássico ao fundo.  O modelo  desenvolvido pela Opel alemã mostra a influência americana no estilo, que hoje está restrito a poucos sedãs e superdesportivos. Aqui no Brasil recebeu um 6 em linha emprestado do primo Impala.

Kammback
Wunibald Kamm com seus estudos rompeu o conceito de que os designs em forma de gota inspirados na industria aeronáutica era o melhor  e propôs essa carroceria com o teto em declive a partir de sua metade e sofrendo um corte abrupto. Esse perfil "alongava" a silhueta do veículo diminuindo o arrasto aerodinâmico e melhorando substancialmente o desempenho dos carros, que não precisam de grandes potências para alcançar grandes velocidades.Esse tipo de carroceria era chamada de Kammback na Europa e Kammtail nos EUA. Esse tipo de carroceria se mostrou eficiente nas Mil Milhas italianas 1940 com o protótipo 328 Kammback e nos anos 60 praticamente todo esportivo que se levasse a sério tinha esse tipo de carroceria. Bons exemplos eram o Ford GT40, o Shelby Cobra Daytona que apesar de usar o mesmo motor que o Cobra 289 andava bem mais e consumia 30% menos combustível, item importante para as provas de endurance. Hoje a maioria dos hatches usam esse tipo de desenho, mas com proposta de economizar combustível.
BMW 328 Kammback. Em 1940 foi feita essa carroceria com o inovador conceito aerodinâmico e chegou a competir nas Mil Milhas italianas com boas vitórias. O carro tinha potência de 135 cv que lavava os seus 700 kg além dos 200 km/h em 1939 e no ano seguinte repetiu o feito. Esse modelo da foto é uma réplica construída pela própria BMW.
Essa Alfa Romeo SZT 1962, chamada Coda Tronca (rabo curto) abusava do perfil aerodinâmico para alcançar 227 km/h nas pistas com um 4 em linha de 1,3l e 100 cv de potência. O carro foi desenhado pelo estúdio Zagatto e enfrentava fortes concorrentes como o Lotus Elite e o Alpine 110 (Willis Interlagos no Brasil).
Honda FXC Clarity, lançado em 2008 e disponível somente em sistema de arrendamento. Esse sedã usa célula de combustível que provoca uma reação do hidrogênio com o oxigênio do ar para gerar energia para mover o carro e recarregar suas baterias de íons de lítio. O perfil Kamm está no perfil da carroceria. 
Outro carro com perfil Kamm e proposta híbrida é o Toyota Prius. Um dos híbridos mais populares do mundo ganha esse ano uma versão "plugável" em que o motorista pode abastecer as baterias de íons de lítio* direto da tomada, sem precisar usar gasolina no tanque.

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