HORA DA GUINADA?
O Salão de Frankfurt deste ano perdeu parte do seu brilho ainda em função da crise financeira mundial. Embora a situação tenha começado a melhorar, a exposição fecha as portas no dia 27 com 30% menos expositores (Nissan, Honda, Mitsubishi, entre outras, ficaram de fora) e público 25% menor. De qualquer modo, houve umas 30 estreias mundiais dignas de nota, a maioria antecipada pelos próprios fabricantes para ganhar espaço na mídia.
Contraste chocante foi a invasão de carros ou soluções elétricas em contraponto aos vários superesportivos, estes previstos nos planos de produção e intocáveis. Enquanto os elétricos atraem curiosos, os holofotes e o interesse do público se concentraram em uma sequência de novidades como poucas vezes de se viu nos salões. Estrearam o Ferrari 458 Italia (com traços futuristas inesperados), o Mercedes-Benz SLS (resgatando portas pivotadas no teto), o Porsche 911 Turbo (e sua estonteante capacidade de aceleração), o McLaren MP4-12C (produção só em 2011) e o Aston Martin Rapide (sedã-cupê de alto desempenho), só para citar alguns.
Mesmo entre os elétricos surgiram extremos de criatividade. Peugeot apresentou o exótico microcarro B.B. 1 que, com apenas 2,5 metros de comprimento, acomoda quatro passageiros (Smart, 2 lugares, 2,69 m). Segundo o diretor mundial da marca, J.M. Gales, a engenharia tem seis meses para demonstrar sua viabilidade. Já o Audi E-Tron, estudo sobre versão elétrica (quatro motores) do carro esporte R8, conta com inacreditáveis 460 kgf·m de torque (dobro de um caminhão para 50 toneladas). Também houve prudência. A Volkswagen quer ter certeza que a temperatura das baterias estará sob estrita segurança e planeja para 2013 o seu minicarro E-Up, enquanto o convencional chegará em 2011.
Para o Brasil, notícias menos divertidas. O novo C3 estreou em Frankfurt, mas a Citroën acena que a versão nacional não seria exatamente essa, mesmo garantindo o C3 Picasso. Difícil de acreditar, apesar do sedã C3 em vista. A VW lançará uma versão simplificada do novo Polo (o duas-portas estreou no salão) para a Índia, em 2010. Aqui, por enquanto, só um ponto de interrogação sobre o sucessor.
A Fiat apresentou o Punto Evo que conviverá, na Europa, com a versão de preço menor semelhante à existente no Brasil. As mudanças externas cosméticas devem ser em parte adotadas, porém o interior, de fato evoluído, não viria. Dos estreantes na Alemanha, apenas o atraente sedã Fluence, sucessor do Mégane, está reservado para a Renault da Argentina. A Mercedes-Benz se antecipou à Toyota e importará o S400h, primeiro híbrido, até março de 2010.
Entre os automóveis “comuns” o novo Opel Astra, de linhas semelhantes ao bem-sucedido Insignia (sucessor do Vectra europeu), convenceu. A GM vendeu 55% do controle acionário da Opel para a canadense-austríaca Magna e o banco Sberbank, mas ainda há atritos sobre transferência de tecnologia aos russos.
Alguns acreditam que Frankfurt marcou a grande guinada aos elétricos. Os prudentes preveem nada além de 1% ou 2% do mercado mundial em quatro a cinco anos e que motores convencionais e mesmo os híbridos teriam um importante papel numa longa – e cheia de obstáculos – transição.
RODA VIVA
CONGRESSO da Fenabrave, em Brasília, realizado pela décima nona vez, mostrou o enfoque econômico bastante aguardado pelas concessionárias. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, transmitiu a sensação de que o pior já passou. Na realidade, a reação dos consumidores foi a parte mais positiva de toda a crise.
ENTRE palestrantes estrangeiros, o italiano Maurizio Sala apresentou técnicas de vendas e pós-vendas dos europeus: nada devem ao extremamente competitivo negócio de carros americano. Presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, ressaltou que a prudência administrativa, na fase alta de três anos do mercado, trouxe agora resultados à distribuição de veículos.
SUCESSO do XVII Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva (Simea), da AEA, em São Paulo, pelo alto nível de trabalhos do Brasil e do exterior. Um dos painéis mais interessantes, sobre mobilidade do portador de deficiência física, destacou Koji Okawa, da Toyota brasileira, a deputada estadual paulista Célia Leão e como a engenharia pode integrá-lo.
TRABALHO vencedor do Simea, da Ford Brasil/EUA e Umicore, chamou a atenção sobre catalisadores de reposição. Ainda sem regulamentação específica, podem prejudicar o diagnóstico a bordo (OBD, em inglês) de falhas do sistema de controle de emissões de automóveis e picapes leves. Em janeiro próximo, começa a fase OBDBr-2, a mais importante até hoje.
SEGUNDO a Castrol, pesquisas estimam que os sintéticos correspondam a cerca de 8% dos lubrificantes vendidos no Brasil e apontam um crescimento de 4 a 6%, até o final de 2010. Estimulou a empresa a lançar, agora, os produtos Edge e Edge Sport, com duas gamas de multiviscosidade. Óleos sintéticos são mais caros, porém bem mais eficientes em proteção do motor.
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fernando@calmon.jor.br
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