terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Alta Roda nº 554 — Fernando Calmon — 8/12/09

PÉS NO CHÃO
A capacidade de reação do mercado brasileiro continua impressionando. Exatamente há um ano o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, declinou de fazer qualquer previsão de vendas para 2009, como é tradição na entidade que representa 24 fabricantes de veículos e máquinas agrícolas instalados no País. Justificou-se com as incertezas sobre a crise financeira mundial e por não poder avaliar o comportamento dos compradores frente ao programa de redução provisória do IPI sobre os carros. Na realidade, ele tinha sim as previsões e davam conta de quedas superiores a 30% para este ano. “Se anunciasse esses números, a resposta dos entes econômicos poderia ser muito ruim”, recorda agora. Só em maio a Anfavea fez as primeiras estimativas. Depois as corrigiu – para cima – e neste dezembro, de novo. Se não havia dúvidas sobre o ano recorde em vendas, é possível que até o dia 31 a produção supere o também recordista 2008. Talvez a produção (mesmo afetada pela queda intensa nas exportações) ultrapasse em 100 mil unidades o nível de vendas, a fim de recuperar estoques. Registros de produção abaixo do de vendas não acontecem desde 1995, mas se repetiram em alguns meses de 2009. Aquele foi um ano atípico, quando ocorreu forte procura por modelos do exterior em razão da redução brusca e intempestiva do imposto de importação, barbeiragem do então ministro da Fazenda Ciro Gomes, no governo Itamar Franco. Este ano, pela segunda vez o Brasil importará mais veículos do que exportará. No entanto, a parcela de carros estrangeiros (na maioria argentinos, com muitas peças brasileiras) ficará em torno de 15%. Há 14 anos chegou a 23%, com pico de 36%. Uma das razões para o governo ter prorrogado o IPI menor até março de 2010, além da conhecida política eleitoreira, apenas para veículos com motores flexíveis, foi uma tentativa de desestimular a entrada de modelos importados, quase todos a gasolina. De fato o novo estímulo animou o mercado neste final de 2009. Já se antevê crescimento anual de 10% e 3,1 milhões de unidades. Como a indústria automobilística representa 5% do Produto Interno Bruto (PIB), refletirá em meio ponto percentual de expansão da economia como um todo. É a conta justa para que o país não registre um número anual negativo no PIB. Bingo! No entanto, se deve reconhecer: o Brasil foi atingido por algo além de uma “marolinha” da crise mundial. A onda chegou forte, ao contrário do que afirma o governo, embora menos intensa do que se esperava. Basta analisar alguns números da manufatura de veículos acumulados até o mês passado: caminhões, menos 31%; ônibus, menos 24%; exportações, menos 39%; máquinas agrícolas, menos 25%; empregos, menos 5,5% (sobre novembro de 2008). Setor de motocicletas, mesmo estimulado, cairá mais de 25% em 2009 comparado a 2008, tanto em vendas quanto em produção. Faltou humildade para analisar também os números negativos. Eles estão aí, para quem quiser ver. Para 2010, o otimismo prevalece. Anfavea espera vendas e produção quase alinhadas em 3,4 milhões de unidades (mais 9,3% e mais 5,4%, respectivamente) e aceleração de cerca de 13% nas exportações. Que tudo dê certo. Com pés no chão e olhos no futuro. RODA VIVA ACORDO entre PSA Peugeot Citroën e Mitsubishi parece inevitável, semelhante a Renault-Nissan. Presidente do grupo francês, Philippe Varin, especialista em fusões, tem sinal verde da família Peugeot, que quer manter controle administrativo. Há pouca superposição de modelos. Ambas financeiramente fracas estudam às pressas a fusão, passo além da aliança. DEPOIS de longo planejamento, Tecnologia Automotiva Catarinense (TAC) anuncia o início da produção seriada do utilitário Stark, a partir deste mês. A empresa reúne grupo de investidores brasileiros, tornando-se única com capital 100% nacional, depois da venda da Troller à Ford, em 2007. Stark tem estilo próprio e bem moderno, tração 4x4 e motor diesel FPT. NOVA Saveiro é referência em termos de dirigibilidade entre picapes compactas. Alcança ótimo compromisso conforto-estabilidade com caçamba cheia, vazia ou meia-carga. VW concentrou oferta inicial apenas na cabine estendida – avaliada pela coluna –, no momento de mercado em que a cabine simples, mais barata, deveria ser a prioridade. Ainda não deslanchou. SALÃO Internacional do Automóvel de São Paulo completa meio século em 2010 e a organizadora Reed Alcântara quer comemorar em grande estilo. Campanha de marketing inclui carros camuflados espalhados por centros de compra e de alta concentração de público na cidade, livro histórico e parcerias. Empresa esperar superar 600 mil espectadores, a partir de 28 de outubro. IDEIA útil, especialmente para mulheres, em caso de furo de pneu. Macaco elétrico com capacidade de 1 t (maioria dos compactos) pluga-se em tomada de força do carro, pesa 4 kg e vem com alavanca para uso emergencial. Car Jack custa R$ 400,00 em lojas virtuais, como a Timevision, via Google. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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