O QUE DER E VIER
O fracasso da COP 15 (15ª Conference of the Parts, ou Conferência das Partes), realizada na capital da Dinamarca, era mais do que prevista. Além de quase 200 países representados, conflitos de interesses, sérias restrições financeiras afetando as economias ricas, organizações não governamentais e políticos que gostam de discursar disputando para ver qual apareceria melhor na foto, ambientalistas antevendo o fim do mundo formaram um caldeirão sem fundo.
Ao ecoalarmistas restou uma estranha coincidência, sem explicação. Logo após a conferência, uma onda de tempo muito frio e nevascas severas no hemisfério norte, que, em alguns casos, não ocorriam há um século, congelou em parte o discurso de emissões descontroladas de CO2, efeito estufa e aquecimento do planeta. Claro que sob o chapéu de “mudanças climáticas” tudo se encaixa.
Essa coluna tem mostrado uma posição cautelosa nesse assunto, apesar de reações iradas de alguns ecoleitores. Relembra que apenas 12% das emissões mundiais de CO2 são originadas dos automóveis. Esta semana um pesquisador de clima e meio ambiente, o neozelandês Roland Serda-Esteve, calculou que um veículo 4x4, rodando 10.000 quilômetros por ano, emite metade do gás carbônico em relação ao necessário para produzir rações e alimentar, também por um ano, um animal de estimação.
Também não dá, obviamente, para ignorar que outros cientistas pensam de forma diferente e se preocupam com o aquecimento global. Administrar diversas fontes de emissões de CO2 – um gás ao mesmo tempo essencial à vida no planeta – precisa ser algo racional e bem focado porque custa muito, muito dinheiro. Significa mudanças austeras de hábitos e procura por alternativas ao petróleo, que um dia vai se esgotar ou encarecer a um nível inviável em veículos. Estudiosos já disseram: “A idade da pedra acabou, mas as pedras, não.”
Na área automobilística, carros híbridos (motor a combustão e elétrico) têm sido considerados a solução de curto prazo. Mas o Conselho Nacional de Pesquisas, nos EUA, apontou os custos bastante elevados, quando os primeiros híbridos com baterias recarregáveis em tomadas (plug-in) chegarem em breve ao mercado. Comparado a um automóvel comum, o preço de venda subiria 50%, exigindo forte subsídio, para uma autonomia puramente elétrica de 70 km. O período de amortização superaria os 10 anos, salvo se o preço do petróleo subir bem acima dos atuais US$ 75/barril. Por isso, lá alguns defendem impostos sobre combustíveis fósseis, como os europeus já fazem.
No que toca ao Brasil, mesmo híbridos comuns seriam proibitivos. A Toyota está vendendo na Argentina o Prius, sem plug-in, 80% mais caro que o Corolla, topo de linha, equivalente em porte. Nesse preço estão incluídos 35% de taxa de importação Mercosul e outras despesas, entre elas treinamento de socorristas em todo o país, segundo a empresa, para evitar descargas elétricas em veículos acidentados ou em pane.
Ainda bem, temos o etanol que, no ciclo de vida do combustível, emite apenas 35 g/km de CO2, ou cerca de um quarto do que um bom híbrido de porte médio, a gasolina, consegue. E o nosso carro permanece com o mesmo preço. Para o que der e vier.
RODA VIVA
APENAS no último trimestre de 2010, Peugeot importará da Argentina o novo sedã que compartilha a mesma espaçosa arquitetura do Citroën C4 Pallas. Ainda não decidiu se o batizará de 308, que pouco tem a ver com o seu homólogo europeu. Houve críticas aqui quando a marca modificou o 206, chamando-o de 207, como o modelo todo novo à venda na Europa.
PLANOS de Sérgio Habib ao importar três modelos (quatro versões) JAC chineses são de alcançar 1% do mercado brasileiro, no primeiro ano cheio, 2011. Confia no estilo atualizado e marketing eficiente para 36.000 unidades/ano. Não será tarefa fácil. Nissan ainda luta para superar a barreira de 1%, mesmo produzindo aqui nas instalações da Renault.
FOCUS recebeu motor flex, 1,6 litro/115 cv, inteiramente novo e em alumínio. É o mesmo Sigma de última geração, disponível na Europa, multiválvulas e duplo comando. Montado na versão hatch mostra agilidade, suavidade e nível de ruído compatível para o segmento. Na carroceria sedã (20% estimados pela Ford) perde fôlego por ter dimensões maiores.
FÔLEGO de sobra apresenta o surpreendente Audi S3 Sportback. Motor 2-litros, de injeção direta e turbocompressor, entrega 256 cv de pura adrenalina. Auxiliado pela tração total pode acelerar de 0 a 100 km/h em 6 segundos. O que o deixa numa posição singular frente aos (poucos) concorrentes diretos. Completo, inclusive teto solar panorâmico, custa R$ 208 mil.
CORREÇÃO: Programa Brasileiro de Etiquetagem aponta o consumo de combustível e energético de 67 modelos, que representam 50% do volume de vendas do mercado. Para aproximar os números obtidos no dia a dia por 80% dos motoristas, o Inmetro corrigiu em 30%, no ciclo estrada e em 20%, no ciclo urbano, as indicações obtidas em testes de laboratório.
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fernando@calmon.jor.br
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