terça-feira, 23 de março de 2010

Alta Roda nº 569 — Fernando Calmon — 23/3/10

CENÁRIO BOM PARA TODOS
Março deve ser o melhor mês de vendas da história da indústria automobilística, segundo as projeções mais recentes. A dúvida é o que acontecerá depois do fim do período de IPI reduzido, a se encerrar em 31 deste mês. Abril e maio poderão ter uma queda, mas a recuperação virá em seguida e o ano pode fechar com novo recorde de 3,4 milhões de veículos (incluindo caminhões e ônibus). Essa foi a opinião de executivos e consultores no seminário Revisão das Perspectivas 2010, da Autodata, semana passada em São Paulo. O mercado brasileiro, quinto maior do mundo em 2009 (quarto, no primeiro bimestre deste ano), tem de fato quebrado certos paradigmas. Um deles é de que a inadimplência poderia se agravar, quando o consumidor começasse a enfrentar despesas maiores, depois de três anos de prestações. Conforme a coluna previu, isso não aconteceu. O comprador se antecipou ao fim do prazo: aproveitou as ofertas, o imposto menor e trocou de carro, iniciando um novo financiamento. Na realidade, há crescimento previsto para os próximos anos. Marcos Munhoz, diretor de Vendas e Marketing da GM, apontou que, mês passado, foram vendidos 14 veículos por 1.000 habitantes. Apesar da atualidade econômica difícil, na China, Argentina e EUA venderam-se 13, 18 e 30 veículos por 1.000 habitantes, respectivamente. “Isso é o contraponto para quem acha que há automóveis demais entupindo as ruas”, observou Munhoz. Porém, ressalvou que aumento de juros e a volta do imposto cheio podem prejudicar a demanda no nível de entrada (abaixo dos R$ 30 mil), em especial a partir de 2011. Flavio Del Soldato, do Sindipeças, acha que ainda assim o Brasil pode raspar a barreira dos 4 milhões de veículos novos já ao final de 2013. Marcos Oliveira, presidente da Ford, lembrou os fatores de suporte permanente às vendas: demanda reprimida, crédito fácil, poder aquisitivo e índice de confiança em alta e competição árdua pelo consumidor. Ele confirmou o desenvolvimento aqui da plataforma de um modelo a ser produzido em várias regiões. Não antecipou qual seria, mas, se sabe, se trata do novo utilitário esporte compacto, sucessor do EcoSport, em dois anos. Para Alexandre Inserra, da Management Engineers, começou a era do automóvel global. Projetado em conjunto por centros de engenharia de diferentes regiões, adaptável às condições de uso boas e ruins, mantendo o mesmo desenho ou – de acordo com a estratégia de cada fabricante – criando estilo e versões amoldados às preferência regionais, se tornará responsável por dobrar a frota mundial para 2 bilhões de veículos nos próximos 20 anos. No tocante ao consumidor, o preço deve permanecer próximo ao seu poder aquisitivo. O que será difícil de cumprir, segundo Carsten Isensee, vice-presidente de Finanças da VW, com os custos em alta. Isso terá de ser alcançado, pois as importações também impedem devaneios nos preços. Cledorvino Belini, presidente da Fiat e eleito da Anfavea (posse em 30 de abril), expôs o bom cenário geral de concorrência no mercado. Ficou tão acirrada que exige atenção, de alguma forma, às crianças, pois influenciam em 9% das decisões de compra dos pais. RODA VIVA PREVISTO para 2012, o Chevrolet Cruze brasileiro pode não manter o nome internacional e receber mudanças de estilo que a GM do Brasil considera adequadas para a região. Projeto original do sedã médio-compacto foi executado na Daewoo, subsidiária do grupo na Coreia do Sul, a partir da arquitetura do novo Opel Astra. Aqui terá a missão de suceder o Vectra. JAPONESES da Toyota aprenderam logo a fazer um bom motor flex. No Corolla de 2 litros, acertadamente, privilegiou o desempenho com etanol. São 153 cv, 8% mais potência em relação à gasolina. A nova caixa de câmbio automática de quatro marchas retém a troca de marchas no modo sequencial esporte, como deve ser. O carro ganhou em silêncio. Versão de topo, Altis, é cara: R$ 89 mil. ABEIVA, associação de importadores sem fábricas no Brasil, espera crescer em 2010 bem acima da média do mercado brasileiro. Segundo o presidente, José Luiz Gandini, as vendas podem superar as 80.000 unidades graças também ao efeito estatístico de novas marcas associadas. Este ano os importados podem responder por 18% do mercado, próximo aos recordes de 1994/95. AINDA incipiente, as atividades de reciclagem de veículos destruídos em acidentes ou no fim de sua vida útil atraíram uma empresa especializada. A Ecopalace recolhe e processa a sucata de 160 oficinas na Grande São Paulo, desde agosto do ano passado. Veículos mais antigos dificultam a reciclagem ou a tornam muito onerosa, afirma o diretor Gustavo Pires. PELA primeira vez, universitários poderão participar e expor trabalhos no Challenge Bibendum, evento internacional da Michelin, no Rio, de 30 de maio a 2 de junho próximos. A ideia é que futuros profissionais possam debater sobre os desafios da mobilidade sustentável nos próximos anos, motivo de preocupação crescente no mundo. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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