Habilitação de menores de 18 anos para dirigir sempre atraiu discussões. Projetos de lei não avançam e esbarram em impedimentos legais sobre a imputabilidade de menores de idade, como se as cadeias brasileiras estivessem repletas de maiores condenados por crimes de trânsito. No entanto, existe uma alternativa adotada em larga escala em países europeus e nos EUA: os jovens podem dirigir acompanhados por uma pessoa habilitada, sob regras rígidas, e fazendo parte do processo de preparação para obter a carteira de motorista. Interessante observar que a Espanha somente agora se prepara para alterar a lei e permitir o início do aprendizado a partir dos 17 anos. É possível que antes de 2012 a autorização entre em vigor. O assunto levou o jornal El País a fazer um levantamento sobre os resultados obtidos em outros países e apoiar em manchete: “Dirigir antes é dirigir melhor”. De fato, antecipar o acesso ao volante reduz riscos futuros e, por consequência, os acidentes, segundo as estatísticas. O jornal espanhol concluiu que os benefícios ocorrem porque o treinamento é mais intenso, embora gradual. Suécia, França, Noruega, Bélgica e Grã-Bretanha alcançaram redução de sinistralidade entre 20% e 40%. Autorizam começar o aprendizado aos 16 anos, mas a licença de conduzir comum só aos 18, com as restrições de praxe. A referência são os Estados Unidos, onde se pode iniciar a aprender aos 15 anos. No estado do Alaska, um adulto tutela o jovem a partir de 14 anos, que deve dirigir pelo menos 40 horas em seis meses, sendo no mínimo 10 horas à noite ou com tempo ruim. Aos 16 anos, pode conduzir sob restrições: os primeiros seis meses sem transportar passageiros e nunca de madrugada. Na França, o sistema chamado Aprendizado Antecipado de Condução existe há mais de 20 anos. É bastante rigoroso e burocrático. Primeiro, o jovem de 16 anos recebe aulas teóricas e precisa ser aprovado; depois, 20 horas ao volante com um instrutor de autoescola; finalmente, dirigir acompanhado de pessoa habilitada, por pelo menos 3.000 quilômetros em um ano, anotando todos os trajetos percorridos. Deve passar, ainda, por três avaliações – inicial, intermediária e final – na autoescola. Só depois vai ao exame prático oficial para obter a licença tradicional. Há grau de exigência também para quem acompanha o menor: pelo menos cinco anos de carteira expedida, saldo de pontos intacto (lá as infrações são debitadas e não somadas como aqui) e nunca ter recebido multa muito grave ou grave. Controlar tudo isso não é nada fácil, mas os resultados em termos de acidentes evitados no futuro valem a pena. As companhias de seguro estão a favor do projeto espanhol, mas querem examinar os dados com maior profundidade. Motoristas jovens, proporcionalmente, continuam a se envolver mais em acidentes por conta inclusive de fatores psicológicos, a exemplo de má percepção de riscos, excesso de entusiasmo, exibicionismo. Entretanto, estudos apontam que a inexperiência pesa mais que a juventude, na maioria dos casos. A maturidade também se alcança por meio de milhares de horas e quilômetros ao volante. Quem sabe os exemplos do exterior inspirem os nossos legisladores. RODA VIVA DECISÃO do Grupo Souza Ramos em produzir o médio-compacto Lancer na fábrica de Catalão (GO) foi longamente amadurecida. Quando entrou na Stock Car, em 2005, já visava descolar a imagem da Mitsubishi ligada demais aos veículos 4x4 e fora de estrada. Pode soar estranho ter saído da categoria, mas houve razões financeiras, entre outras. INVESTIMENTO de R$ 1,4 bilhão da PSA Peugeot Citroën não foi pormenorizado por Philippe Varin, presidente mundial do grupo francês. Declinou de informar o percentual entre novos produtos e expansão de instalações, embora tenha previsto aumento de 50% na produção. Enigmático, ainda estuda como atender o difícil segmento de entrada (“populares”). JETTA Variant atualizou-se antes do sedã que lhe dá origem (arquitetura do Golf). Essa inédita inversão de prioridade se dá pela demanda por stations na Europa, em especial na Alemanha. A nova versão, importada do México sem imposto, ganhou em estética e preço. Parte de R$ 84.000,00, com mais conteúdo de série. Sonoridade do motor 5-cilindros ainda encanta. CONFIRMADA a venda da Volvo à chinesa Geely por US$ 1,8 bilhão. Processo só termina no segundo semestre. A Ford havia pagado US$ 6,45 bilhões, em 1999, pelo controle acionário. A marca sueca anunciou recentemente que dentro de uma década espera dispor de sistemas de segurança e anticolisão para atingir a meta de nenhuma morte no interior dos seus automóveis. BLOQUEADORES remotos por GPS serão obrigatórios, ainda este ano, depois de briga judicial por razões de privacidade. Denatran teve que aceitar inibir o modo de rastreamento. A compra do serviço é opcional, mas todos os carros vão encarecer, mesmo nas cidades em que furtos e roubos são baixos. Ainda há dúvidas sobre eficácia da medida. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br
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