TEMPO ESTÁ CURTO
O Brasil já passou por fases difíceis e de desatualização nos veículos produzidos internamente. De fato, no final da década de 1990 a indústria se preparou para atender um mercado interno de pelo menos 2,5 milhões unidades/ano. Isso não ocorreu pelas crises financeiras em outros países, refletindo-se no valor do então recém-criado real. Faltava mesmo um tempo para consolidação e o Brasil sofreu até conquistar moeda e economia estáveis, depois da semente bem plantada em 1994.
Agora que o cenário interno é outro, o que falta para caminharmos mais rápido quanto à atualização dos modelos aqui produzidos? Já estamos avançando em direção ao mercado interno de 4 milhões de unidades/ano, talvez no final de 2013. Mas ainda há empecilhos. No Mercosul existem apenas cinco famílias de produtos com escala de produção superior a 200.000 veículos/ano; no Leste Europeu, são 11; na América do Norte, 23; na Ásia, nada menos que 42.
A SAE Brasil discutiu em simpósio, semana passada em São Paulo, as novas tecnologias na indústria automobilística. Os caminhos ainda se mostram nebulosos e atalhos são difíceis de encontrar. Investir em pesquisa e inovação é o diagnóstico fácil, porém os nós permanecem. Pedro Manuchakian, vice-presidente de Engenharia da GM no Mercosul, alertou que “o mercado brasileiro se avizinha do quarto lugar no mundo, mas ainda ficamos na 31ª posição nos gastos em pesquisa, apesar de todos os programas de apoio financeiro do governo”. Frisou que o registro de patentes é baixo demais, uma questão cultural talvez. E, daria para acrescentar, também problemas burocráticos.
Os engenheiros brasileiros são criativos. Conseguem soluções de atualização invejadas até por outros países, em especial no segmento dos compactos mais baratos e no uso de combustíveis alternativos. Conforme lembrou Milton Lubraico, engenheiro-chefe da Ford, conseguimos coisas simples como fabricar carpetes a partir de garrafas plásticas que seriam descartadas na natureza. Tecnologias de ponta, no entanto, estão maduras para esse próximo estágio de crescimento. Jair Pasquini, da Bosch, exemplificou com um sistema de baixo custo de desligar-ligar o motor e gerenciar a carga do alternador, ambos visando a economia de combustível que, em testes, chegou perto de 15% em trânsito pesado.
Paulo Matos cuida da área específica de inovação na engenharia Fiat e destacou: “O cliente exige novidades, mas não quer pagar mais.” A tecnologia atual evoluiu tanto que arquiteturas novas podem substituir as antigas com vantagens de custos, deixando entender que um modelo para suceder o Mille poderia manter um preço competitivo.
Ponto importante desse simpósio, o tempo está encurtando no sentido da evolução, de tecnologias atualizadas em diferentes segmentos de mercado e de lançamentos alinhados, pelo menos, aos modelos chineses mais modernos dos próximos anos. E por motivo simples. Além de o comprador brasileiro merecer, a proteção tarifária nas importações não pode e nem será eterna. E sem produtos atuais, as exportações se tornarão pouco viáveis. Depende destas também a escala produtiva competitiva.
RODA VIVA
ALÉM de confirmar o nome Aircross, que já circulava com desenvoltura, a Citroën liberou as primeiras fotos do monovolume C3 Picasso. Há dois anos a coluna antecipara que o primeiro produto teria visual aventureiro sofisticado, incluindo estepe externo, e só no ano seguinte, a versão “normal”. O espaçoso Aircross chega em agosto e ganhou 6 cm em altura.
QUEM costuma apontar o baixo preço dos carros brasileiros no México – razões cambiais e particularidades do mercado local – precisa comparar com a Europa. Logan 1,6 custa na Suíça R$ 24.000,00. Se igualada a carga fiscal, passaria dos R$ 31.000 cobrados aqui, sem imposto de importação. México importa carros usados, distorcendo os preços dos novos.
APESAR do nome, a nova Saveiro Cross tem decoração externa discreta, mantendo a altura de rodagem das outras versões. Volkswagen optou por uma picape com menos penduricalhos. Preferiu incluir recursos úteis a exemplo de regulagem do volante em dois planos e de altura do banco. Suspensão bem acertada, robustez e conjunto motor 1,6/câmbio destacam-se.
ANUNCIADO o preço do Nissan Leaf nos EUA, primeiro médio compacto todo novo projetado especificamente para ser elétrico a bateria. Mitsubishi i MiEV chegou antes, porém é um carro convencional adaptado. O Leaf custa lá US$ 33 mil, mais que o dobro de um modelo convencional. Com subsídios do governo baixa para US$ 26 mil. As entregas começam em dezembro próximo.
PRESIDENTE do Contran, Alfredo Peres, confirmou: ninguém precisará mais pagar antecipadamente a multa, se quiser recorrer em segunda instância. Ofício circular aos Estados comunicou que o Supremo Tribunal Federal aprovou Súmula Vinculante dispensando o motorista da obrigação imposta pelo Código de Trânsito Brasileiro. Falta agora acabar com multas que passam de carro para carro.
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fernando@calmon.jor.br
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