AVANÇAR É O DESAFIO
Mobilidade sustentável é o tema da atualidade e, nesse contexto, o Challenge Bibendum, organizado pela Michelin no Rio de Janeiro, semana passada, deixou um marco importante para o País. Cerca de 300 jornalistas do exterior e 150 brasileiros tiveram a rara oportunidade de apreciar e até guiar, em um só evento, veículos que apenas podiam ser apreciados nos estandes dos salões internacionais.
Quase todas as tecnologias apresentadas – ou discutidas em palestras – já são conhecidas. E se o futuro segue a trilha de eletrificação, o desafio (challenge, em inglês) permanece na viabilização econômica e na utilização prática. Afinal, com 40 kg de combustível líquido um carro convencional roda 500 km em média e reabastece em três minutos. Um automóvel elétrico de última geração precisa de 400 kg de bateria, a autonomia mal chega aos 100 km e a recarga leva até 500 minutos. O preço, no mínimo duas vezes maior, exige subsídios.
Por outro lado, os carros demonstraram a versatilidade de aplicações. O Audi e-tron, baseado no superesportivo R8, empolga por sua aceleração silenciosa de 0 a 100 km/h em 4,8 s e colossais 115 kgf·m em cada uma das rodas (torque dos quatro motores elétricos medido nas rodas; em carros comuns o torque informado na saída do motor é várias vezes ampliado até chegar às rodas). No outro extremo, o minúsculo Peugeot BB-1 e suas linhas audaciosas, com apenas 2,5 m de comprimento, consegue a façanha de transportar quatro passageiros (mesmo porte do smart para duas pessoas). Em deslocamentos urbanos é o ideal, apesar do guidão no lugar do volante exigir adaptação, se o motorista desejar aproveitar a grande capacidade de aceleração inicial dos dois motores nas rodas traseiras.
Já o Citroën Hypnos é o protótipo de um híbrido diferente: motor a combustão dianteiro e elétrico traseiro (configuração mecânica a estrear no Peugeot 3008, em 2011). Sua carroceria mostra características de cupê de quatro portas e de utilitário esporte. Pequenos carros elétricos como o Heuliez Will, de linhas convencionais, procuram espaço em alternativa aos grandes fabricantes.
Proposta interessante para compactos convencionais, as rodas especiais de apenas 10 pol de diâmetro e pneus de baixo atrito da Michelin vão na contramão das grandes dimensões de hoje. Economiza 40 kg de peso, melhora aerodinâmica e consumo, ganha espaço interno e no porta-malas pela redução do volume das caixas de rodas. Em piso ruim, claro, há desvantagens.
Paola Carrea, diretora de Telemática da Magneti Marelli na Itália, chamou a atenção para outras aplicações do localizador/bloqueador em todos os carros vendidos no Brasil, escalonadamente, a partir de setembro. “O sistema de GPS e tráfego de dados via rede celular é bem mais que um dispositivo antifurto. Permitirá integração com a eletrônica de bordo, gerenciamento de motor e câmbio e cálculo de rotas alternativas em tempo real para navegadores, diminuindo consumo e congestionamentos”, destacou.
Já a Mercedes-Benz exibiu um caminhão médio movido a diesel obtido de cana. A viabilidade não parece próxima, mas demonstra que o Brasil investe em soluções próprias para a ambicionada sustentabilidade nos transportes.
RODA VIVA
APESAR das negativas formais da filial brasileira, o novo Polo também será fabricado no Brasil, a partir de 2011, conforme antecipado por essa coluna. Já começou a produção na Índia, em março, e na Rússia, agora. O diretor mundial de Design, Walter de’Silva, confirmou a informação em entrevista. Hatch e sedã estão nos planos de produção.
MAIO último completou um ano que marcas coreanas passaram as que vêm do México – estas não pagam imposto de importação – no mercado brasileiro. Conforme gráfico do consultor Julien Semple, modelos vindos da Argentina continuam liderando. Abaixo dos produtos mexicanos estão os alemães, seguidos, com presença simbólica, pelos chineses.
FORD Fiesta 2011 hatch apresenta um conjunto bem acertado e boa dotação de equipamentos. na faixa dos R$ 37.000,00. Melhor ainda é o motor de 1,6 l, 107 cv, que lhe permite agilidade próxima aos de motores de 1,8 l de oito válvulas. Alavanca de câmbio mais elevada é outro ponto positivo. Ruim a ausência de apoio definido para o pé esquerdo.
TRANSPORTE de crianças fora das regras de segurança leva à multa de RS 191,54. Fiscalização, adiada de 9 de junho para 1º de setembro, será complicada. Com vidros escuros acima do previsto em lei, como a grande maioria, fica muito difícil um agente de trânsito observar irregularidades. Também é bom portar certidões de nascimento das crianças para evitar punição injusta.
UMA das palestras mais esperadas no XX Congresso da Fenabrave será de Jon Lancaster, concessionário Toyota, representante da marca japonesa há mais 40 anos nos EUA. Explicará como a rede lidou com o recall gigantesco de oito milhões de veículos e os reflexos nos negócios. O congresso se realizará de 9 a 11 de setembro, em São Paulo.
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fernando@calmon.jor.br
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