terça-feira, 27 de julho de 2010

Alta Roda nº 587 — Fernando Calmon — 27/7/10

ESSA LEI NÃO “PEGA”
Dois assuntos recentes da legislação de trânsito demonstram que mesmo os esforços do Contran e do Denatran não são suficientes, quando se trata de aumentar a segurança viária. A coluna comentou, poucas semanas atrás, sobre a iniciativa de restringir a venda de veículos que não atenderam à convocação para substituir componentes com defeitos passíveis de provocar acidentes. Infelizmente, esbarrou em óbices legais, pois a nova exigência implicaria mudança prévia no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O CTB está, no momento, em revisão pelo Poder Legislativo e fica aqui a sugestão para incluir essa mudança. No entanto, o Denatran continua, em colaboração com o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, trabalhando para formar um banco de dados. Nele se centralizariam todas as informações sobre os recalls anunciados pelos fabricantes, inclusive dos números de chassi que não passaram pelas concessionárias para reparo. Há previsão de concluí-lo em 60 dias. Seria possível incluir nos certificados anuais de renovação de licença o aviso de que o veículo deixou de atender o recall. Enquanto não se modificasse o CTB, serviria apenas de alerta. Como já explicitado nesse espaço, pesquisa da alemã GfK indicou: 62% dos brasileiros desconhecem ou não se lembram da importância de um recall. E, claro, se reflete no baixo índice de reparos, que mal atinge 50%. Uma consequência do adiamento da decisão ou de simples esquecimento. Em vários casos, os comunicados públicos dos fabricantes não alcançam o consumidor, que já pode até ter vendido o carro. Daí outra boa ideia do Denatran de envolver os serviços de correio para distribuir avisos de recalls, a partir do banco de dados, mantido o devido sigilo e sem nenhum outro fim. Em termos de segurança de trânsito seria a forma mais rápida e eficaz de difundir a informação. Outro problema, em teoria, parecia resolvido. Mas, tudo indica, não está. Depois de uma novela de longos capítulos e muita força contra, o Contran homologou o primeiro aparelho de medição de transmitância luminosa. Dessa forma a fiscalização sobre o nível de transparência do conjunto vidro e película escurecedora deveria ser iniciada. Já se sabe que praticamente a totalidade dos vidros dianteiros dos veículos descumpre a lei. Além de ser um brinde barato oferecido na compra do carro, os produtores de películas acham que oferecem segurança ao evitar que assaltantes identifiquem os ocupantes. Esquecem, entretanto, que à noite, em dias muito nublados e de chuva forte ou ao passar por um túnel e entrar em estacionamentos escuros a visibilidade do motorista cai drasticamente. Também de nada ajuda a propaganda malfeita das fábricas de veículos, que escurecem até o para-brisa, em total desacordo com o CTB. Mais triste é a má vontade dos órgãos de trânsito. O Detran-MG, por exemplo, alega existir só um fornecedor do aparelho para desconversar sobre fiscalização. Esta nem precisa ser permanente. Como, além da multa e dos pontos, o motorista deve retirar a película ilegal para prosseguir, o efeito boca a boca seria imediato. Lamentavelmente, outro caso de lei que não deve “pegar”. Ainda mais em ano eleitoral... RODA VIVA VERSÃO mais barata da Amarok e com tração apenas em duas rodas chega agora ao mercado brasileiro. Apesar das negativas seguidas da Volkswagen, notícias da Argentina, onde a picape média é fabricada, dão conta de que a fábrica já admite “estudos” sobre o SUV, utilitário esporte derivado. Em outras palavras, esse modelo demora um pouco, mas vem mesmo. CITROËN confia que o C3 Aircross possa assegurar mais um ponto percentual de participação no mercado de autos e comerciais leves. Prevê 30.000 unidades no primeiro ano cheio. Além dessa versão de visual aventureiro, à venda em setembro, o minivan compacto C3 Picasso, no primeiro trimestre de 2011, também deve alavancar a marca francesa. SEMANA passada, a Citroën mostrou aos jornalistas o interior do Aircross, sem permitir fotos. Sobre o painel, bússola e dois clinômetros (eixos transversal e longitudinal), como nos Adventures da Fiat. Porta-luvas tem dimensões bem generosas. Há apliques cromados em várias partes na versão de topo, além de materiais condizentes com o preço, estimado em torno dos R$ 60 mil. DIRIGIBILIDADE é um dos pontos altos da picape compacta Hoggar, que se destaca ainda pelo volume da caçamba e capacidade carga, paradigmas dentro da categoria. Estilo também atrai, apesar dos apêndices algo exagerados na versão modernosa Escapade. Motor de 1,6 l/16 v/113 cv garante agilidade e desempenho, mesmo se for totalmente carregada. CORREÇÃO: na classificação dos mais vendidos nesse primeiro semestre, publicada na edição passada, o City foi inadvertidamente omitido entre os compactos. O sedã da Honda alcançou 1,8% de participação, logo atrás do Citroën C3 e pouco à frente da dupla da Renault, hatch Clio e sedã Symbol somados, conforme critério mais usado no exterior. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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