A AEA - Associação Brasileira de Engenharia Automotiva promoveu na última quarta-feira, 30 junho, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, o III Simpósio Internacional de Combustíveis e Aditivos, que trouxe o tema "Oportunidades e desafios na Matriz de Combustíveis Veiculares", dividido em dois grandes painéis - Gasolina e Diesel - nos quais a tônica foi a tecnologia, durabilidade de motores e o meio ambiente.
A superintendente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível - ANP, Rosângela Moreira de Araújo, com a palestra sobre "Ações da ANP em Combustíveis Fósseis e Renováveis no Brasil", apresentou a importância da expansão dos bicombustíveis, o desenvolvimento de novas tecnologias para produção, aplicação do etanol em motores automotivos e a descoberta do pré-sal que pode tornar o País de importador a exportador de energia e os focos das revisões das Resoluções ANP. "A ANP busca antecipar-se e acompanha o uso de novos combustíveis e novas tecnologias para facilitar a regulamentação, indispensável nos ajustes para adequação às novas condições do mercado", sustentou.
Responsável pelo Laboratório de Motores e Emissões, e também atual presidente da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, o engenheiro químico Henry Joseph Jr. falou sobre "Combustíveis X Tecnologia de Motores Leves". "Com o avanço de novas tecnologias, conseguimos a eliminação do aditivo chumbo tetraetila da gasolina, inserimos a obrigatoriedade da adição de aditivos marcadores para solventes, reduzimos também os teores de enxofre da gasolina e do Diesel e as melhorias das características funcionais e protetivas dos combustíveis em geral por meio da Resolução ANP nº 38/2009", sintetizou.
Na palestra "Avaliação de aditivos detergentes-dispersantes para gasolina brasileira", o consultor da Petrobras e da Cenpes - Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello, Ricardo Sá, afirmou que "por meio de testes ASTM D 6201, que empregam a metodologias internacionais para avaliação de depósitos em válvulas, verificamos que o motor é sensível à formação de depósito de resíduos. Encontrados em diferentes tipos de gasolina comum, os testes confirmaram que é viável para mercado o uso de gasolina aditivada, responsável por reduzir até 90% do acúmulo de resíduos nas válvulas e injetores, o que proporciona maior durabilidade ao motor", explicou Sá.
A Lubrizol Corporation enviou ao III Simpósio Internacional de Combustíveis e Aditivos o seu global segment manager Frop - Fuels, Refinary and Oilfield Products, Steve Semenczuk, que teceu minuciosos comentários à respeito do mercado mundial de aditivos, seu papel e contribuição ao ser humano e ao meio ambiente. Na sequência, Cláudio Lopes, gerente de Vendas da Afton Chemical, falou sobre "Aditivos - estratégias de diferenciação no mercado mundial", para quem "os fatores determinantes para a redução do consumo de combustíveis e a busca pela diminuição das emissões, altos preços, redução da dependência de petróleo e competição para encontrar combustível diferenciados, passam necessariamente pela combinação de combustão eficiente, motor limpo, redução de atrito e o uso de aditivos. Pesquisa de mercado mostra que 20% dos consumidores preferem distribuidoras que oferecem combustíveis de desempenho diferenciados. Aqui no Brasil, usuários pagam 18% a mais por gasolina de alta octanagem e composição mais limpa", argumentou Lopes.
A última palestra do período da manhã foi a do analista de pesquisa da Hart Energy Consulting, Fabrício Cardoso, com o tema "Tendências Globais da Qualidade dos Combustíveis e Biocombustíveis". Segundo ele, a introdução de combustíveis renováveis - os biocombustíveis - é apreciada por muitos países, em especial por reduzir a dependência da importação de combustíveis fósseis e incentivar o desenvolvimento da cadeia agrícola.
A segunda parte do III Simpósio Internacional de Combustíveis e Aditivos teve início com a palestra "Perspectivas do Mercado Automotivo - A visão do crescimento de veículos pesados no mercado brasileiro (leve e médio-mercado da frota diesel)", conduzida pelo gerente executivo da Área de Conceituação, Simulação e Veículos Especiais da MAN Latin America, Mauro Simões. "O Brasil possui cerca de 90% de estradas não pavimentadas e precisa de um investimento para melhorar rodovias e vem buscando novas formas de bioenergia, para atender a previsão de um crescimento de 20% de novos consumidores até 2019. O sistema logístico rodoviário é responsável por 60,5% pelo crescimento sustentável do PIB do País e para atender ao panorama atual do mercado precisa seguir as normas de restrições de entrega no horário de pico no centro expandido, investimento em transporte e renovação da frota, providências necessárias para evitarmos um apagão logístico", alertou Simões.
Painel Diesel
A apresentação "Projeto Best - Bioethanol for Sustainable Transport", da professora Sílvia Gonzalez, pesquisadora da USP, do Instituto de Eletrotécnica e Energia e do CENBIO - Centro Nacional de Referência em Biomassa, foi a primeira do Painel 2 - Diesel. "O projeto busca promover o uso eficiente da biomassa como fonte de energia no Brasil. O Diesel é responsável por 52% da demanda de combustível utilizado no País e a meta é reduzir este consumo por meio da substituição por bicombustíveis e mostrar os avanços tecnológicos nesta área. O projeto Best visa incentivar o uso de etanol no abastecimento do transporte urbano no Brasil e no mundo. Em 2007, começamos os testes com primeiro ônibus abastecido com etanol e obtivemos ótimos resultados, surpreendendo nossas expectativas de manutenção e potência. Além de ser um combustível renovável, limpo e biodegradável, reduz a poluição em 90% de materiais particulados e 62% NOx, atende ao Euro 4 e principalmente não contem enxofre em sua composição, diminuindo assim cerca de 80% das emissões de gases, além de estimular empregos na zona rural", concluiu Gonzalez.
Dentro do contexto ambiental, o gerente de Marketing da Amyris, Adilson Liebsch, dissertou com o "Diesel de Cana", tecnicamente viável, mas ainda em questionamento quanto à escala de produção.
A engenheira do Departamento de Tecnologia de Combustível da Infineum, Georgiana Plostinar, com o tema "Problemas com a oxidação: Biodiesel, Filtrabilidade", abordou o grande desafio da indústria automotiva em utilizar biodiesel (com ésteres metílicos de ácidos graxos) em baixas temperaturas. "Estamos focando a importância da utilização de aditivos ou soluções que podem ter custo mais eficaz devido a baixa filtrabilidade do biodiesel e a cristalização de cera encontrada na presença de ácidos graxos que mostra aumento da quantidade de ácidos gordos e o entupimento de filtros e componentes automotivos", explica Plostinar.
A palestra de Christian Wahnfried, especialista em Combustível, Emissões e Validação da Bosch, em seu trabalho "Etanol em Ciclo Diesel", disse que a flexibilidade é um fator decisivo no processo de aquisição de um veículo e também a redução de custos operacionais de manutenção dos frotistas, enquanto o engenheiro de Desenvolvimento do Sistema de Dosagem do Arla 32, da Mercedes-Benz do Brasil, Anibal Machado, falou sobre o Arla 32, suas normalizações, efeitos e riscos de contaminação no processo logístico e como funciona a tecnologia BlueTec da montadora alemã.
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