O Seminário de Segurança Veicular, organizado pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), realizado ontem, 23 de agosto, no Milenium Centro de Convenções, reuniu engenheiros, técnicos, fornecedores, concessionários e profissionais da indústria automotiva em geral e teve como tema principal “A segurança veicular no veículo do futuro”.
Os assuntos em pauta tiveram como objetivo apresentar o futuro da segurança veicular noBrasil e as inovações da engenharia automotiva com os novos parâmetros para os ensaios biomecânicos. “Tráfego e trânsito continuarão sendo as bandeiras da AEA para o próximo anos devido ao alto índice de acidentes registrado no País”, diz o vice-presidente da entidade, Antonio Megale.
Para o coordenador da comissão organizadora do seminário, Harley Bueno, a AEA manterá também o foco na segurança viária e na tecnologia do futuro. “Muitos trabalhos estão sendo realizados, incluindo a criação de novas comissões que visam maior segurança para com as motocicletas, por exemplo. A homologação de equipamentos e peças por meio do Inmetro também é outro ponto que vem sendo discutido pela entidade”, diz Bueno.
Na palestra de abertura, “Década da Segurança Viária: O Brasil em relação ao mundo”, ministrada por Milton Walter Frantz , coordenador geral de Infraestrutura de Trânsito do Ministério das Cidades, destacou a premência de desenvolver, com a participação das entidades de classe, setor privado e o Governo, um plano básico cujo objetivo é colaborar com a redução de acidentes de forma significativa nos próximos dez anos.
O projeto, denominado Plano Nacional de Redução de Acidente e Segurança Viária para a Década de 2011/2020, inclui a implementação do Observatório Nacional de Trânsito e incentivo à criação de observatórios regionais, além de programas voltados à segurança do pedestre, para motociclistas, ciclistas e transporte de carga e transporte público de passageiros.
Dando início ao Painel 1 “As novas tecnologias de segurança veicular no veículo”, Carlo Gibran, gerente de Marketing da Bosch, na palestra “Freios ABS para motos: desenvolvimento do mercado e legislação”, iniciou sua apresentação mostrando o cenário brasileiro quando o assunto é acidentes fatais com motociclistas, o que no Brasil representa 26%. “Em 1998 cerca de 1 mil acidentes de motos foram registrados contra 7 mil em 2008”, afirma Gibran.
Diante deste cenário, Gibran apontou ainda que se houvesse a obrigatoriedade do ABS nas motocicletas, 6 mil mortes poderão ser evitadas até 2021. O sistema de segurança, que só pode ser instalado em motocicletas dotadas de freio a disco, evita otravamento das rodas e reduz a distância de frenagem.
“Pretensionador do cinto de segurança e sua contribuição na Latin NCAP”, de José Celso Mazarin, gerente de engenharia da Chris Cintos, abordou os ganhos que o pretensionador traz do ponto de vista de segurança passiva. Mazarin mostrou, por meio de resultados de testes, as vantagens de ter o sistema instalado no veículo, uma vez que ele evita o chamado chicote pois retrai o cadarço no momento da colisão. “Além de aumentar a segurança, o pretensionador tem uma excelente relação custo-benefício, já que ao ser instalado utiliza o mesmo módulo do air bag e não requer nenhuma mudança estrutural no veiculo”, diz Mazarin.
Os diretores da MV2 Engenharia e Tass North America, Ivo de Castro e Tony Bronwell, finalizaram o Painel 1 “As novas tecnologias de segurança veicular no veículo” ao palestrar sobre “Os Desafios e soluções na integração de sistemas de segurança ativa e passiva: biomecânica e automação veicular no desenvolvimento de veículos mais seguros”.
O diretor-presidente da Controlar, Harald Peter Zwetkoff, durante a palestra “Inspeção Técnica de Segurança Veicular”, compartilhou a experiência e o aprendizado adquirido com a inclusão da Inspeção Veicular. “Estratégia de implementação, padronização da operação e controle de processos, informatização, formação, treinamento e reciclagem do corpo técnico, controle e confidencialidade das informações eexcelência no atendimento ao cliente com estrutura, responsabilidade e credibilidade e prevenção contra fraude foram requisitos fundamentais para o sucesso do programa”, afirma Zwerkoff.
Um dado bastante interessante apontado por Zwetkoff é que no ano passado, a inspeção veicular promoveu um ganho ambiental equivalente a retirada de 1.467.283 veículos da cidade.
A palestra “Dispositivo de retenção para crianças: a vacina que salva vidas” inaugurou o Painel 2. A coordenadora nacional do Criança Segura Brasil, Alessandra Françoia, alertou sobre a importância do dispositivo de segurança do veículo, uma vez que, segundo ela, 830 mil crianças morrem em todo o mundo vítimas de acidentes de trânsito anualmente.
Na apresentação “Visibilidade veicular”, de Almir Fernandes da Costa, diretor executivo de operações do Cesvi Brasil, foi possível conhecer de perto o trabalho realizado pela entidade. Uma pesquisa que avalia os riscos envolvidos no uso de veículos com limitações dos campos de visibilidade traseira, lateral e frontal do motorista, abrangendo os principais modelos do mercado nacional, apontando quais permitem uma visibilidade melhor para o motorista e, consequentemente, riscos menores de acidentes foi exibida ao público do Seminário da AEA.
“O chamado ponto cego é a causa de acidentes trágicos e acontecem com mais frequência do que imaginamos, tais como: atropelamento de crianças, animais, choques em muros e cercas baixas, motos, cones e estacionamentos de supermercados”, afirma Costa.
O coordenador da Comissão de Equipamentos Veiculares ANFIR (Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários), Luiz Antonio Maria Filho, na palestra “Dispositivo de segurança para caminhões basculante” apresentou um projeto de norma com o intuito de minimizar os acidentes causados pelo sistema que inclui a obrigatoriedade do auxilio visual para o motorista quanto às informações de uso e cuidados na operação basculante, comandos de acionamento mais seguros e alerta durante a operação.
O Painel 2 foi encerrado por um debate com perguntas e repostas dos palestrantes, mediado por Nilton Monteiro, diretor executivo da AEA.
No Painel 3, o "Cenário dos acidentes na saúde pública, peças recicladas e remanufaturadas", a professora doutora da Faculdade de Saúde Pública da USP e Chefe do Departamento de Epidemiologia e Estatística da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Maria Helena de Mello Jorge, abriu a sessão de palestras e apontou em “Acidentes de trânsito e trauma: um problema de saúde pública”, como os fatores de risco, proteção, vigilância epidemiológica e políticas publicas são usadas como forma de prevenções de acidentes.
O consultor da Feneseg (Federação Nacional de Seguros Gerais), José Aurélio Ramalho, por sua vez, em sua apresentação “Conceito para reutilização de peças” retratou a necessidade do desenvolvimento de uma legislação específica para o programa de reciclagem veicular. Além disso, mostrou todos os benefícios que a ação pode causar para o meio ambiente e para a indústria em geral.
Por fim, Salvador Pugliese, conselheiro do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) em sua palestra sobre “Conceito para reutilização de peças”, complementou de certa forma a apresentação anterior, ministrada por Ramalho, defendendo o uso e a fabricação de peças remanufaturadas. “Além de serem 30% mais baratas, as peças remanufaturadas contribuem com o meio ambiente, pois reduzem os descartes no seu processo de fabricação. Mas estas por suas vez só podem ser produzidas pelas próprios fabricantes que as originaram“, afirmou Pugliese.
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