Palestra internacional de abertura de Philip. G. Gott, diretor da IHS Automotive , os quatro painéis – desenvolvimento profissional, emissões e matriz energética, segurança do transporte/trânsito e inovação para a competitividade – e a mesa redonda com executivos da indústria convergiram para a proposta de o Brasil encurtar o distanciamento hoje existente entre a indústria, universidades e o governo, além da busca incessante por uma visão estratégica, para que o setor automotivo brasileiro possa se consolidar um dos grandes players do cenário mundial.
Esta síntese foi extraída na 19ª edição do Simpósio Internacional de Engenharia Automotiva – SIMEA 2011, que aconteceu nos dias 21 e 22 de setembro, no WTC Sheraton Hotel, em São Paulo, cujo tema central foi “Competitividade da Indústria Automotiva Brasileira: o futuro é agora”. O evento contou com a participação de aproximdamente 800 executivos e profissionais da cadeia automotiva.
Na cerimônia de abertura do SIMEA, este ano sob a presidência de João Irineu Medeiros, Franco Ciranni, presidente da AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, Fred Carvalho [diretor da Autodata], Sérgio Pin [conselheiro do Sindipeças] e o vice-governador paulista Guilherme Afif Domingos, na esteira da atual efervescência do setor automotivo, focaram a competitividade como um ponto crucial diante do cenário internacional que se desenha, com novos pólos produtivos, como o da China. O ex-ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, também compôs a mesa diretora da solenidade de abertura, mas discursou somente no Painel I, no qual destacaria –na sequência – a importância da formação de mão de obra ao futuro próximo do Brasil, que pode ser a 5ª economia do mundo entre 2015 e 2020.
Intitulada “Panorama Geral da Competitividade”, a primeira palestra internacional foi comandada por Philip. G. Gott, diretor da IHS Automotive, que fez uma leitura 360º do segmento automotivo internacional, até o detalhamento do pólo produtivo brasileiro, hoje na 6ª posição do ranking mundial, contextualizado no 5º mercado consumidor mais importante do mundo. “A visão estratégica do setor automotive brasileiro deve contemplar a pergunta: o que o Brasil quer ser no futuro?”, indagou Gott.
“Desenvolvimento do profissional da indústria automobilística”, proposta para discutir os gargalos da mão de obra brasileira, foi o tema do Painel I, do qual participam José Roberto Cardoso [professor doutor e diretor da POLI-USP], Miguel Jorge [ex-ministro do Desenvolvimento], Ronaldo Salvagni [professor doutor e diretor acadêmico da AEA], João Irineu Medeiros [diretor da Fiat Powertrain], com aparticipação especial do estudante Diego Haim, da Engenharia Mecânica da POLI-USP, que, aliás, surpreendeu a plateia ao expor as expectativas dos futuros engenheiros.
No período da tarde do primeiro dia, o SIMEA apresentou 30 trabalhos técnicos, distribuídos em cinco salas do WTC Sheraton Hotel. Seus autores mostraram trabalhos de Emissões, Combustíveis, Ensaios e Simulações, Projeto e Tecnologia do Veículo, e Manufatura e Processos.
No encerramento das atividades do dia 21 de setembro, o Painel II, com o tema “Cenário atual de emissões e energia e seu impacto na competitividade: desafios e oportunidades”, vai abordar sobre o desenvolvimento de combustíveis alternativos, políticasfiscais de incentivo à redução de CO2, legislação de ruídos, além de harmonização legislativa no Mercosul. Participam desse painel Rogelio Golfarb [diretor de Relações Institucionais da Ford Brasil], Josep Maria Farran [chefe de Operações da Idiada – Espanha] e Sidney Oliveira [gerente da Robert Bosch e diretor da AEA].
Mesa redonda – Na abertura do 2º dia do SIMEA 2011, Cledorvino Belini [presidente da Anfavea e da Fiat Automóveis], Alain Tissier [vice-presidente da Renault], Gastão Rachou [diretor de Engenharia, Estratégia do Produto e gerenciamento de Portfólio da MAN Latin America] e Mário Laffitte [diretor de Comunicação Corporativa da Mercedes-Benz] compuseram a mesa redonda, com a proposta de discutir “A importância do desenvolvimento da engenharia automotive nacional para o aumento da competitividade”.
Na sequência, o Painel III, com o tema “Segurança do Transporte e Trânsito”, aborda – por meio da participação de Katia Castilho [BSE Sistemas Eletrônicos], representando a Értico no projeto Viajeo que tem como parceira a AEA, Alejandro Furas [Latin NCAP], Marcos Aurélio Lima de Oliveira [Inmetro] e Marco Saltini [diretor de Relações Institucionais e Assuntos Governamentais da MAN Latin America] – sobre a aplicação de novas tecnologias embarcadas em automóveis, comerciais, motos e equipamentos off-road, para o aperfeiçoamento da segurança do produto nacional, que , além de proporcionar melhorias objetivas na estrutura de trânsito das grandes cidades como São Paulo, e, com isso, reduzir o número de acidentes e os gastos públicos gerados por acidentes de trânsito.
No período da tarde do 2º dia do evento, mais 20 trabalhos técnicos foram apresentados aos participantes do SIMEA 2011.
Um dos destaques do eventos foi o Painel IV – Inovação para competitividade/Política industrial do Brasil. O desenvolvimento do potencial tecnológico local, o aumento de Investimentos em P&D no Brasil, vantagens competitivas do País no contexto global, geração de patentes e a inovação como ferramenta para melhoria da eficiência nos processos de desenvolvimento e manufatura serão alguns dos assuntos abordados.
No Painel IV, Daniel R. Cohn, pesquisador senior e diretor executivo da MIT – Massachussetts Institute of Tecnology; Bruno Bragazza, diretor da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (ANPEI), e Paulo Cardamone, diretor da IHS e da AEA, mostram suas considerações sobre um dos temas mais prementes na indústria automotiva brasileira, a competitividade industrial. Para isso, pesquisas do MIT visando melhor eficiência de motores movidos à mistura do etanol e gasolina foram apresentadas e sua consequente reflexão sobre a utilização no mercado brasileiro.
Melhor trabalho técnico – “Investigação de fenômeno de cavitação em sistema de injeção de Diesel de bomba unitária através de simulação de sistema em 3D-CFD”, de Rafael Amboss Pinto, da Robert Bosch, foi considerado o melhor trabalho técnico do SIMEA 2011.
Cinco outros trabalhos técnicos receberam menções honrosas: “Efeito do uso de B20 em óleos lubrificantes”, de Luiz Fernando Matins Lastres [Petrobras], “Óleo Diesel com baixo enxofre e as emissões em motores com tecnologia Conama P5”, de Helineia Oliveira Gomes, Raissa Maria Cotta e de Carlos Vinicius Costa Massa [Petrobras], “Influência da adulteração de combustíveis no desempenho e na vida útil de motores de combustão interna de ignição por faísca de pequeno porte utilizados em motocicletas”, de Luiz Vicente Figueira de Mello Filho [Controlar].
Também foram agraciados com menções honrosas os trabalhos “Análise do comportamento de uma junta esférica utilizando modelos FEM axissimétricos embasados pela teoria clássica de contatos mecânicos”, de Eric Noguchi, Mauro Moraes de Souza, Juliano Savoy e Marcelo Adriano do Carmo Silva [Neumayer Tekfor Automotive Brasil], “Estratégias de operações eco-eficientes: vantagens competitivas através da aplicação das abordagens de produção enxuta e produção mais limpa”, de Gina Vera Rizzo [Unicamp], Robinson Damasceno Calado [PUC Campinas] e Antonio Batocchio [Unicamp], “Análise comparativa de vibração em um motor de combustão interna abastecido com gasolina e etanol”, de Claudio Marcio Santana, Luis Carlos Monteiro Salves [ambos da Fiat Powertrain] e de José Eduardo Mautone Barros [UFMG], “Validação e homologação de arquiteturas elétricas veiculares com assistência via software”, de Rafael Cardoso Alicrim e Eric de Oliveira Tavares [Delphi] e “Segurança com a utilização dos sistemas de direção assistida”, de Rodrigo Costa Vieira e Roberto Müller [da Robert Bosch].
A premiação dos trabalhos foi anunciada por Ronaldo Salvagni, professor doutor da POLI-USP e diretor da AEA, que – durante o SIMEA 2011 – lançou também o Prêmio AEA Jovem Engenheiro Automotivo, cujo objetivo é o de incentivar os novos formandos a enveredar pela carreira e atender à forte demanda do setor automotivo brasileiro.
Na primeira fase do projeto, o prêmio está sendo lançado somente aos alunos do quinto ano de Engenharia, de nove faculdades – Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, FAAP, FEI- Faculdade de Engenharia Industrial, Instituto Mauá deEngenharia, Mackenzie, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Federal de São Carlos e UNIP -Universidade Paulista. Sob a coordenação do professor Ronaldo Salvagni, da Poli-USP, e Marcos Clemente, da Mahle, o Prêmio AEA Jovem Engenheiro Automotivo, a partir do próximo ano, vai se estender a outras faculdades de Engenharia do País.
Os critérios de avaliação dos quintoanistas de Engenharia levam em consideração o seu histórico escolar no curso e o projeto de formatura do aluno, necessariamente relacionado ao setor automotivo.
Ao melhor aluno de cada faculdade, a AEA se propõe a franquear cursos e eventos promovidos pela entidade ao longo de 2012. Além disso, a comissão organizadora do prêmio estuda, em parceria com as empresas patrocinadoras, promover viagens técnicas a eventos internacionais do setor automotivo.
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