PANACEIA UNIVERSAL
Analisar os rescaldos da recém-encerrada Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, nunca foi tão fácil.
Muita conversa, muito debate e, na hora de concluir, poucas soluções, para ser
condescendente. Leque de assuntos amplo demais, representantes de 193 países e curiosos
misturados a chefes de estado (além de ausências de peso, a presidente vizinha veio
apenas para as fotos e se retirou), só podia dar no que deu.
Sob o guarda-chuva da moda, sustentabilidade entrelaça
tantas atividades e interesses em jogo que embute o grande risco de perda de
foco. Alguns objetivos são conflitantes e o relatório final não agradou, apesar
de palavras elegantes. Acima de tudo, ninguém soube apontar de onde surgirá o
dinheiro para os necessários investimentos, por mais que o retorno seja
promissor e garanta o futuro do planeta.
Se o maior vilão do momento é o gás carbônico (CO2),
um dos responsáveis pelo efeito estufa/mudanças climáticas de origem humana, fica
simples achar os causadores. Estudos de vários autores apontam, em termos
mundiais, que transporte sobre pneus (automóveis, caminhões e ônibus) respondem
por 16% do total de emissões; trens, barcos e aviões, 6%; queima de combustível
fóssil em usos diversos, 12%; indústria e construção, 18%; eletricidade e
aquecimento, nada menos de 44%; outras fontes, 4%.
Ao considerar o metano, gás 20 vezes mais ativo no efeito
estufa, agricultura e criação de animais (flatulência) têm peso tal que dilui
os percentuais citados. Apesar disso, automóveis são o alvo predileto, o que
não exclui o esforço para torná-los mais econômicos ou partir para
biocombustíveis e tração elétrica, alternativas sem abrangência universal.
Alguns fabricantes montaram estandes no Parque dos Atletas,
no Rio de Janeiro, para a conferência. Além da BMW, um dos patrocinadores principais,
a Volkswagen apresentou a Bulli (Kombi moderna e elétrica), Renault e Nissan
tinham carros elétricos no transporte de membros de delegações e a Mitsubishi,
o i-Miev.
Mini elétrico e Série 1 cupê Active-E, ambos experimentais, formam
a base de testes no mundo real de componentes para a submarca da BMW e seus próximos
modelos i3 (totalmente elétrico) e i8 (híbrido esporte de alto desempenho). A
fábrica alemã investiu em fibra de carbono em toda a carroceria para compensar
o alto peso das baterias. Quando estrear, em 2013, o i3 se destacará por apenas
1.200 kg de massa total, 330 kg menos que o Nissan Leaf.
Nas conferências no estande, diretores reafirmaram que a
submarca terá preço para remunerar os altos investimentos. Esperam incentivos
não somente tributários dos governos, como na infraestrutura, e que compradores
se sintam estimulados em pagar mais em troca de economia no custo de utilização
e menor impacto ambiental.
E foram bastante objetivos: no ciclo de vida completo, o i3
emitirá até 50% menos de CO2 em relação aos seus atuais modelos mais
eficientes com motores a combustão. Desde que a energia elétrica venha de fontes
renováveis, cenário bastante distante do atual em nível global e de difícil
solução. Em outros termos, carro elétrico não é neutro em CO2 e
muito menos a panaceia atribuída a ele.
RODA VIVA
HYUNDAI-BRASIL já
faz previsão de cronograma para seu primeiro compacto no Brasil. Julho,
definição do nome (sem letra “i”; já se especulou “i15”); setembro, lançamento
para imprensa; outubro, Salão do Automóvel; novembro, inauguração da fábrica;
dezembro, vendas. Hatch terá motores de 1,0 e 1,6 litro, manual e automático
(só no 1, 6 l). Sedã chega no início de 2013.
APESAR de
desmentidos veementes, Peugeot vai produzir no Brasil novo sedã 301, em 2013,
que ocupará o lugar do 207 Passion. Modelo estreia em setembro no Salão de
Paris, embora seus maiores mercados estejam fora da Europa Ocidental, onde sedã
compacto não emplaca. Utiliza mesma arquitetura do 208, a ser produzido em
Porto Real (RJ), no início de 2012.
RENAULT, por sua
vez, decidirá o que colocar no lugar da Mégane Grand Tour que para de ser
fabricada no Paraná, no próximo mês. Há duas opções: monovolume Lodgy, baseado
no Logan/Sandero, ou outra station. Problema: projeto do sedã Fluence não
inclui opção de perua e este segmento segue em baixa no Brasil.
CHEVROLET Cruze
Sport6 não tem preço tão competitivo, na faixa que vai de R$ 60 mil a 80 mil,
porém nível de equipamentos agrada. Desde a caixa manual de seis marchas ao
controle eletrônico de trajetória e tração, passando pela tela multimídia, o
hatch oferece espaço interno e motor de 1,8 l/144 cv adequados. Dirigibilidade melhor
do que Cruze sedã.
DENATRAN desistiu
da exigência absurda de reconhecimento de firmas em cartório para identificação
do condutor infrator, no caso de transferência de responsabilidade de multa de
trânsito. Agora é preciso juntar ao formulário de identificação cópias da CNH
do infrator e da identidade do proprietário do veículo. Resolução pode ser
vista em tinyurl.com/7lxrotz.
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fernando@calmon.jor.br e www.twitter.com/fernandocalmon
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