Os navegadores popularizaram a sigla GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês), a constelação de até 32 satélites geoestacionários do governo americano que permitem localização, navegação e outros serviços, dia e noite, sob qualquer tempo. No Brasil, são cada vez mais atraentes os aparelhos portáteis que ajudam a encontrar caminhos e chegar ao destino sem se perder. O mesmo sistema se utiliza na encrencada imposição do governo federal de equipar todos os carros novos com bloqueadores e localizadores, na tentativa de diminuir roubos e furtos. A Justiça mantém o projeto suspenso e sob impasse.
Outro recurso tecnológico é o ESC (Controle Eletrônico de Estabilidade, em inglês) que, a partir de freios ABS, consegue recolocar o veículo na trajetória automaticamente em caso de derrapagem ou erro do motorista. Essa solução de segurança já se tornou obrigatória nos EUA e também na União Europeia (a partir de 2012). O Mercedes-Benz Classe A produzido em Juiz de Fora (MG), de 1999 a 2005, foi o primeiro e único até hoje automóvel nacional com ESC de série.
Que tal unir as duas tecnologias? Exatamente é a proposta da Universidade de Auburn, nos EUA, que teve apoio financeiro da Ford para os estudos. Os pesquisadores descobriram o potencial dos satélites de GPS de agir como sistema de alerta prévio, detectando quando um veículo está prestes a ficar sem controle. Então se comunica com o ESC e outros sistemas de segurança a bordo para prevenir acidentes, inclusive capotagens.
Parece ficção, mas não é. Satélites em órbita podem “conversar” com um veículo em movimento, em terra e evitar acidentes no futuro. O estágio atual de desenvolvimento prevê a construção de protótipos, para início dos testes, em breve. Esse projeto avançadíssimo eleva a níveis nunca vistos as possibilidades de melhorar a segurança de trânsito graças à colaboração entre pesquisadores acadêmicos e engenheiros da indústria automobilística.
Para funcionar a prova de falhas torna-se necessário criar algoritmos capazes de combinar a aquisição de dados dinâmicos do automóvel aos receptores de GPS a bordo. A interpretação desses dados leva a modelos preditivos que avaliam inclinação da carroceria, velocidade, ângulo do volante, aceleração lateral, posição do acelerador e tendência a derrapar de qualquer um dos eixos (dianteiro, traseiro ou ambos). E também o traçado da via à frente informado pelos mapas digitais do navegador. A partir de milhares de cálculos são enviados sinais aos freios ABS e ao acelerador eletrônico do motor para evitar que o motorista perca o controle da direção, derrape ou entre no perigoso pêndulo que muitas vezes leva a uma capotagem.
O ESC tem a vantagem de aproveitar a arquitetura eletrônica e mecânica dos freios ABS por custo adicional relativamente baixo. Como todos os carros novos no mundo terão esses freios como equipamento de série (inclusive os produzidos no Brasil, em quatro etapas, de 2010 a 2014) e os navegadores GPS estão caindo de preço, dá para supor que a combinação desses dois recursos tecnológicos não sairá caro demais. Seria oferecido como opcional nos veículos de preço médio e, eventualmente, de série nos modelos mais caros.
Quem suplica por ajuda do céu, na iminência de acidente, pode acreditar que virá mesmo. (Fernando Calmon)
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