terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Alta Roda nº 553 — Fernando Calmon — 1/12/09

NAVEGAÇÃO E MEIO AMBIENTE
Como tema da moda, não surpreendem o debate e as proposições acerca de um dos mais elementares direitos: a mobilidade. Semana passada, no Rio de Janeiro, a Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana focou as experiências e soluções das grandes cidades latino-americanas. Uma iniciativa de mérito da Michelin e da ONG Centro de Transporte Sustentável (CTS Brasil). Esse é um campo fértil para discussões recorrentes sobre os meios de transporte e sua influência, via emissões de gás carbônico (CO2), sobre aumento da temperatura média do planeta e mudanças climáticas. Veículos leves sobre pneus só respondem por cerca de 12% do CO2 emitido no mundo, mas continua sendo um dos vilões favoritos. No contexto mereceu reverência a palestra de Suzana Ribeiro, secretária de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente. Suzana reconheceu que grande parcela da população de países emergentes deseja ascensão social e adquirir um carro. Para ela, é aspiração legítima. Ouvidos atentos pinçaram outra afirmação de passagem: “Ainda há certa incerteza sobre aquecimento global e mudanças no clima”. Trata-se de posição corajosa frente à histeria atual. Ninguém pode negar o problema, mas a abordagem precisaria eliminar o viés político, menos apaixonada e mais técnica. O Brasil aparece bem na foto graças à matriz energética privilegiada, da hidroeletricidade ao etanol. Dentro da racionalidade nessa discussão, destacou-se a apresentação de Virgilio Cerutti, presidente da Magneti Marelli. Citou dois caminhos para reduzir emissões de CO2: tecnologias tradicionais, atuando sobre os automóveis com ganhos importantes, mas a custo alto; e tecnologias emergentes, menos eficientes, porém a custo mais baixo, que trazem ao mesmo tempo economia de tempo e de combustível. “Intervenções coordenadas são necessárias na tecnologia dos veículos, infraestrutura urbano-rodoviária e comportamento do motorista, a fim de maximizar resultados a um custo acessível para a sociedade”, ponderou. A estratégia chamada Eco Navegação, combinação de duas vertentes, pode alcançar até 20% de redução de CO2 graças aos modernos sistemas de GPS. A Eco Rota calcula o melhor caminho a ser percorrido do ponto de vista ambiental. A Eco Direção aponta as condições ideais de dirigibilidade. Trata-se de um programa que compara as condições das vias e desempenho do veículo, fornecendo em tempo real um relatório para ajudar o motorista a corrigir falhas que causam desperdício de combustível e, assim, evitar a emissão de gases no meio ambiente. O casamento de GPS, telemática e infraestrutura adequada, com informações em tempo real sobre condições das vias e congestionamentos, por exemplo, pode ampliar para 25% os ganhos em termos de CO2. No Japão, 52% da meta inicial de redução do gás carbônico que colabora para o efeito estufa, na parte proveniente do transporte terrestre, foi atribuído à melhoria da infraestrutura viária e de gestão do tráfego. O restante veio da tecnologia empregada no carro e educação do usuário, incluindo campanhas para fomentar o hábito de dar carona. Por enquanto, no Brasil, ainda estamos longe desses avanços, em especial da Eco Direção. RODA VIVA FINALMENTE, tendência minimalista chegou ao contingente de oito modelos nacionais com decoração ao estilo aventureiro. CrossFox dispensou a profusão de apêndices inúteis e inaugurou um visual mais limpo no modelo 2010. Destaques para fixação inteligente do estepe na porta traseira e faróis auxiliares com inédita dupla função neblina/longo alcance. ALTURA total elevada em 5,5 cm se manteve – nada é perfeito –, mas a dirigibilidade continua boa para a proposta de uso urbano e leves incursões fora de estrada. CrossFox, com equipamentos típicos de conforto nesse segmento, começa em R$ 49.000. Pneus de uso misto são opcionais. Pelo menos no momento, não oferece câmbio manual automatizado. Inexplicável. APESAR de certos detalhes de estilo do Agile desagradar a alguns, tem no espaço interno um de seus destaques. Acabamento mescla materiais e capricho aceitáveis com outros nem tanto. Acerto de suspensões e boas respostas ao volante estão entre os pontos altos. Prepare-se: trocar etanol por gasolina leva à queda acentuada de desempenho, percebida com clareza. EMPRESÁRIO Sérgio Habib, proprietário de um terço das concessionárias Citroën (50% das vendas totais da marca), anunciará em breve a representação de uma marca chinesa em 2010. Após negociar muito com a BYD, acabou acertando com a JAC. Estratégia é diversificar. Além de concessionárias Ford e VW, importa Jaguar e, logo, também Aston Martin. OUTRA dor de cabeça para a GM. Comprador para a marca sueca do grupo, a Saab, desistiu do negócio. Outra sueca, Volvo, está sendo vendida pela Ford. Destino final da Saab deve ser o mesmo da Saturn, divisão da GM que está fechando as portas, depois do Grupo Penske perceber a inviabilidade de receber suporte de outro fabricante. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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