A grande questão com que o mundo está às voltas, neste momento, é a de reestruturar sua matriz energética, nela substituindo a maior fração possível de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e seus derivados) pelas chamadas energias limpas e renováveis.
É tarefa de difícil execução. Há 150 anos, Edwin Drake, após perfurar apenas 30 metros, pôs em funcionamento o primeiro poço de petróleo bem sucedido, no estado norte-americano da Pensilvânia. Nas décadas seguintes, a participação do petróleo e seus derivados na vida da humanidade ampliou-se de maneira incessante.
O consumo crescente levou o homem buscá-lo e extraí-lo em profundidades cada vez maiores, com o uso de tecnologias de perfuração, bombeamento e transporte de complexidade e custo cada vez maior.
Os avanços trazidos pelo petróleo e pelas tecnologias que, no último século e meio, entraram a fazer parte da vida humana não reduziram o uso das fontes tradicionais de energia, como a lenha. Esta ainda hoje é amplamente utilizada como combustível, fato que continua a varrer florestas ao redor do globo.
Há pouco terminou, em Copenhague, na Dinamarca, a Cop 15, 15ª Conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Os pífios resultados obtidos evidenciam a dificuldade de, sem avanços dramáticos na formatação de uma nova matriz energética, conciliar os atuais padrões de consumo da humanidade com a preservação de biomas que, para subsistir, reclamam condições específicas de clima, hoje em acelerado processo de modificação.
Os resultados obtidos pelo Brasil nesse domínio são vigorosos, mas não caracterizam uma alternativa para a humanidade.
A transformação de vastas extensões do nosso território em canaviais permitiu que parte considerável da nossa frota de automóveis utilize como combustível o etanol. Em paralelo, gerou ou agravou problemas sérios, para os quais ainda não temos resposta. Estão, nesse caso, episódios de mão de obra escrava, a queima de quantidades gigantescas de palha de cana e as recorrentes tentativas de se estender o cultivo da cana à Floresta Amazônica ou ao Pantanal.
Avançamos na produção do biodiesel, mas o óleo diesel que aqui produzimos ainda é, de todo planeta, um dos mais fortemente agressivos à vida humana e ao meio ambiente.
Também precisamos encontrar meios e modos concretos de proteger nossos biomas ameaçados, que incluem, além da Amazônia e do Pantanal, o Cerrado. Resolvermos esse feixe de questões é a nossa lição de casa, difícil e trabalhosa.
Em paralelo e sem prejuízo das pesquisas na área dos combustíveis, tantos os fósseis quanto os vegetais renováveis, precisamos definir um sério esforço científico e tecnológico voltado para o domínio do ciclo do hidrogênio.
A energia obtida daquele gás, que compõe a atmosfera do planeta, é, pelos parâmetros científicos atuais, a única que pode saciar a fome de energia da nossa civilização sem comprometer os padrões climáticos ou afetar os biomas em cujo contexto a civilização cresceu e sobrevive.
(Antonio Carlos Pannunzio, deputado federal)
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