Embora sem muita divulgação, a partir de 1 de janeiro deste ano 60% dos automóveis vendidos no país – nacionais ou importados – terão obrigatoriamente que utilizar um avançado sistema de diagnóstico a bordo específico para monitorar, em tempo real, todo o aparato de controle de emissões regulamentadas. E, apenas um ano depois, em janeiro de 2011, os restantes 40% também precisarão atender a norma nº 24 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, publicada em agosto do ano passado.
O sistema chama-se OBDBr-2 (sigla em português para Diagnóstico a Bordo, referência Brasil, segunda fase). A preocupação com a integridade dos dispositivos que limitam a quantidade de gases nocivos à saúde emitidos pelos escapamentos dos carros, começou há mais de 20 anos nos EUA, na Califórnia, estado americano mais rico e focado no meio ambiente. O CARB (Conselho de Recursos do Ar da Califórnia, em português) propôs o primeiro sistema OBD, em 1986 e o implantou dois anos depois. Em seguida, todo o país aderiu.
De início, se monitorava qualquer disfunção da injeção eletrônica de combustível por intermédio de uma lâmpada no quadro de instrumentos. Indicava problemas na emissão de poluentes. Em 1998, os americanos criaram o OBD 2, passo decisivo a fim de manter constante a eficácia de todo o sistema, em especial os catalisadores, em motores de ciclo Otto (gasolina e etanol), ao longo de sua vida útil.
A grande vantagem do OBD 2 é checar continuamente o funcionamento do catalisador de três vias, responsável por corte drástico nas emissões de monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e hidrocarbonetos. Para tanto, se adiciona um segundo sensor de oxigênio. O primeiro, colocado antes do catalisador, ajuda por retroinformação a injeção eletrônica a calcular a quantidade exata de combustível liberada ao motor. No Brasil, todos os carros desde 1997 o utilizam, também conhecido como sonda lambda.
O segundo sensor de oxigênio, colocado depois do catalisador, avalia o grau de eficiência de conversão dos gases acima referidos em CO2, nitrogênio e água. Há outra lâmpada no quadro de instrumentos.
A implantação do diagnóstico a bordo de segunda geração facilita a inspeção de emissões veiculares. Em vez de colocar uma sonda (haste) no tubo de escapamento do veículo e fazer leitura na tela do equipamento de teste, será possível consultar diretamente, em alguns segundos, a memória da central eletrônica de gerenciamento do motor. Ganha-se tempo e precisão de medição, pois dispensa o inspetor de manter o motor no regime estabilizado de 2.000 rpm. Motores modernos trabalham com relação ar-combustível pobre e existe certa dificuldade em estabilizar o nível de rotações por acionamento do pedal do acelerador.
Outro avanço possível com o OBDBr-2 é transformar o motorista em vigilante primário das condições do seu carro e contribuir na melhora do meio ambiente pela manutenção adequada. Inclusive há possibilidade de o sistema ser calibrado de fábrica para cortar, progressivamente, a potência do motor, sugerindo assim que o proprietário procure uma oficina e providencie a reparação. No momento, não está previsto, mas no futuro pode existir regulamentação internacional que obrigue todos os fabricantes a estabelecer tal restrição. (Fernando Calmon)
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