terça-feira, 4 de maio de 2010

Emissões não convencionais: desafio permanente.

A mudança é inevitável. As legislações quanto às emissões convencionais ou não de veículos automotores serão cada vez mais rigorosas. Por esse motivo, são sempre benvindos os fóruns de discussões em favor das tecnologias e das soluções de melhorias da qualidade de vida. O mais recente fórum foi o Seminário de Tecnologia e Emissões não Convencionais no Âmbito do Mercosul, organizado e promovido pela AEA - Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, que aconteceu no dia 29 de abril, no Millenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP). Segundo José Edison Parro, presidente da AEA, o seminário veio em um momento muito importante, já que a entidade vem sendo questionada sobre a distribuição do Diesel e sobre melhorias quando o assunto é emissão de gases. O evento contou com importantes representantes do setor automotivo e mostrou um pouco o que as empresas estão buscando para atender aos limites de emissões, estabelecidos pelo PROCONVE - Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores, PROMOT - Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares e CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Na palestra de abertura, o presidente da Magneti Marelli, Virgilio Cerutti, com o tema a “Importância da evolução tecnológica dos veículos automotores e seu impacto no meio ambiente”, apresentou tecnologias atuais e emergentes para a redução do CO² por meio de soluções integradas já praticadas em algumas cidades da Europa e da Ásia. Uma das alternativas é a tecnologia Free Choice, já disponível também no Brasil, para veículos de pequeno e médio porte. Trata-se de um produto que permite aos condutores usufruir do conforto do câmbio automatizado com a performance, a economia de combustível e os baixos níveis de emissões proporcionada pelo câmbio mecânico. Vale acrescentar que o Free Choice proporciona uma redução média no consumo de combustível em tráfego urbano entre 8 e 10%, quando utilizado no modo automático/econômico assegurando, na mesma condição, uma redução na emissão de poluentes, especialmente de CO², que pode chegar até a 10%. O palestrante Rui de Abrantes, gerente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), com o tema “Álcool não queimado – Tecnologia de medição e sua Influência na formação de ozônio”, iniciou o seu discurso apontando os riscos do ozônio troposférico nos grandes centros urbanos do mundo. Abrantes também questionou sobre a importância da tecnologia flex no País, mas mostrou que há a possibilidade dos veículos abastecidos com etanol atender aos limites da legislação brasileira, sem o desconto do etanol. “Medição de consumo e emissões: atualizações e revisões necessárias aos procedimentos atuais”. Esse foi o assunto em pauta do professor Gabriel Murgel Branco, da Environmentality, que abordou a necessidade de compatibilizar os fatores de resposta e os cálculos das massas dos diversos compostos orgânicos, rever os procedimentos de medição de gases (NMHC) e balanço de carbono, e verificação mediante medição de consumo. “Esses são pontos importantes para redução significativa de emissões gases poluentes”, reforçou Branco. O potencial do uso do etanol de cana no Brasil para a mitigação de emissões no horizonte de 2020 e sua importância no contexto mundial para Isaias Macedo, coordenador de Projetos de Energia da Bioamassa na Unicamp e pesquisador visitante da NIPE (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético), foi a questão discutida dentro do tema Influência do etanol na cadeia da formação do CO² em relação ao efeito estufa. Com o tema “Case sobre efeito estufa – CO²”, o palestrante José Augusto Rodrigues dos Santos, da Martin-Brower, apresentou um programa que coleta o óleo usado de redes como McDonald’s, transformando-o em biodiesel, ou seja, uma iniciativa de conscientização ambiental que controla o resíduo poluente e abastece sua frota de caminhões. Atualmente o óleo coletado de 19 restaurantes é utilizado no abastecimento de 5 caminhões da frota. “O que está acontecendo nos EUA e Europa sobre o CO² e seus impactos”. Com a pauta em questão, Talus Park, engenheiro senior da AVL Powertrain Engineering, discorreu sobre a importância da utilização dos veículos híbridos e ainda um pouco do quadro atual dos EUA e Europa. No caso do mercado norteamericano há uma preocupação elevada, já que os EUA devem sofrer nos próximos anos com a falta de regulamentação na emissão de poluentes para os veículos pesados. Na sequência, Francisco Emilio Baccaro Bigro, professor da Escola Politécnica da USP e membro da Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo, com o tema “Emissão Líquida CO² e Veículos: Perspectiva Brasileira”, informou que os veículos híbridos e elétricos terão que entrar no Brasil de uma forma mais consistente e da necessidade de haver incentivo do Governo. “O combustível Diesel e a tecnologia Euro V” foi o tema de discussão de Roberto O. Pachamé, presidente Associação de Engenheiros e Técnicos Automotivos (Aita – Argentina). Na oportunidade foi mostrado o atual quadro de seu país, ou seja, as suas regulamentações para o controle de emissão e como o Diesel é usado. “Novas tecnologias para o controle de emissões estão sendo estudadas pela Aita, como a SCR, por meio da qual – em veículos pesados - é feito o tratamento de NOx na saída dos escape”, reforça Pachamé. Na palestra de Marcos Davi Rufino dos Santos, da Associação Brasileira de Fabricantes de Aditivos (Abrafa), com o tema “Combustíveis aditivados a partir de 2014. Qual o impacto nas emissões e nos componentes de novas gerações?”, Santos informou sobre a importância do aditivo para o controle da emissão de gases no meio ambiente e para eficiência na performance dos motores. “A utilização de combustíveis aditivados para gasolina e Diesel reduz os níveis de CO, HC e PM entre 10 e 20%. A aditivação total em 2014 trará benefícios na redução de emissões, além dos já comprovados benefícios de desempenho”, garante Santos. “A padronização dos combustíveis no Brasil e a comparação dos combustíveis utilizados no Brasil” foi o tema do palestrante Sérgio Fontes, consultor de Negócios da Petrobrás, que colocou em pauta a oferta de ARLA 32, do Diesel S50 e S10 no Cone Sul em 2012. De acordo com a Petrobrás, há de forma gradativa a redução do enxofre no combustível, como já aconteceu no início de 2009, quando foi reduzido o teor de enxofre de 2000 para 1800 ppm. E, depois, foi colocado no mercado o Diesel com 500 ppm de teor de enxofre. “E a expectativa é de que em até 2014 100% desta substituição seja realizada”, disse Fontes. Uma projeção do crescimento da demanda do ARLA 32 no Brasil ainda foi apresentada por Fontes e a expectativa é de quer até 2021 cerca de 50% da produção será para atender ao mercado de ureia técnica automotiva. E, para fechar o seminário, em “Unificação do pós-tratamento – um desafio dentro do Mercosul”, o vice-presidente da General Manager Automotive Catalysts South America (Umicore), Stephan H. Blumrich, enfatizou que “não podemos ter como referências legislações europeias ou americanas para o controle de emissões, uma vez que há diferenças climáticas e geográficas no Mercosul. Outro ponto que merece atenção é que a America do Sul é desunida quando o assunto é legislação para o controle de gases poluentes”. (Textofinal)

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