No mercado automobilístico nacional continuam soprando os ares de evolução e aumento de demandas. Nossa parcela no mercado mundial caminha para tornar o Brasil o 4º maior produtor de automóveis e comerciais leves. As montadoras aqui instaladas comemoram seus festejos de 75, 50 anos de atividade e anunciam novos investimentos, enquanto novas montadoras anunciam sua chegada. Uma grande oportunidade...
Nesse cenário de potencial elevado podemos não somente manter a atual posição no ranking mundial, mas também subir mais alguns degraus. O momento exige uma reflexão sobre as estratégias para o futuro, diante da elevada ocupação da atual capacidade instalada da indústria automobilística brasileira. Como definir investimentos? Aumenta-se a capacidade das instalações existentes ou se diversifica a localização das operações? Qual o melhor parâmetro para direcionar esta decisão?
Alguns fatores podem, se não decidir de imediato, pelo menos apontar uma direção. No caso de novos produtos, haverá sinergia de peças e componentes entre os modelos em fabricação? Quais os volumes previstos? Poderá haver aumento de demanda futura? Existe área física para possibilitar expansão das atuais instalações? E, principalmente, qual montante será disponibilizado para esta ação?
Considerando-se que a escolha tenha sido por manter as operações centralizadas, vários estudos se fazem necessários para avaliar a complexidade que as instalações existentes teriam e as suas consequentes implicações nos requisitos de qualidade e produtividade. Altos volumes de alta complexidade certamente exigiriam dos gestores da operação muita flexibilidade para permitir manter o mix de produção ajustado às exigências do mercado.
Variações bruscas e constantes dos volumes e do mix de produção são fatores que impactam consideravelmente os resultados qualitativos, bem como de produtividade. Nesta situação, como alocar e aproveitar de forma otimizada os recursos humanos e fabris necessários para atender os volumes previstos? Contudo, entre os fatores que mais devem pesar na decisão está o cenário futuro quanto aos volumes dos produtos a serem manufaturados na mesma operação, o que permite previsão da ocupação da planta, e qual será o ciclo de vida desses produtos, que facilita a avaliação sobre o período em que a produção será conjunta.
Se a decisão pender para descentralização, vários outros fatores devem ser analisados para garantir sua eficácia. Pensando no produto, como seria a distribuição de itens entre cada instalação? Certamente, nesse caso o processo de toda a cadeia de fornecimento precisa ser avaliado e mensurado. Os responsáveis pela estratégia devem observar aspectos como a localização dos fornecedores e os custos com o transporte das peças para as operações. Importante também definir qual será o suporte necessário para manter as várias fábricas em funcionamento, quer seja no âmbito técnico ou administrativo, para a mais eficiente alocação de recursos humanos em cada uma das operações.
Essa não é uma decisão fácil nem existe fórmula pronta, visto que as variáveis nos processos são muitas e os fatores críticos de sucesso são também diversificados. Em qualquer que seja a opção, os riscos a serem assumidos podem determinar o sucesso ou a revisão da escolha, tendo em vista o investimento necessário. Via de regra esse valor é elevado, o que só aumenta a necessidade de se examinar todos os indicadores para uma decisão segura e calculada.
Para debater o tema e contar como balizaram suas escolhas, convidamos os tomadores de decisão das principais montadoras e autopeças do País para o painel de Manufatura & Qualidade do 20º Congresso e Exposições Internacionais SAE BRASIL de Tecnologia e Mobilidade, de 4 a 6 de outubro próximo, no Expo Center Norte, em São Paulo. Vale à pena conferir. (Marcelo Martin é diretor do Comitê de Manufatura & Qualidade do Congresso SAE BRASIL)
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