O desenvolvimento do veículo movido a etanol e, posteriormente, do veículo bicombustível, criou marcos relevantes na história da tecnologia de propulsão para veículos leves, que não só projetaram o Brasil no cenário mundial pela possibilidade de uso de recurso energético renovável, mas conduziu o País a maior autonomia em relação ao petróleo externo. A história do desenvolvimento tecnológico do veículo bicombustível passa pela criação do Pró-Álcool, em 1975, e pelas pesquisas de desenvolvimento de motores a álcool conduzidas na época em centros de pesquisas e nas principais montadoras instaladas no País.
Passados 36 anos a indústria automobilística ainda trabalha em alternativas energéticas para a redução da dependência do combustível não renovável, mas com motivações adicionais - as novas demandas sociais da mobilidade nas grandes metrópoles e as questões ambientais. Nem poderia ser diferente no atual cenário de volatilidade do preço do petróleo, de mudanças climáticas, e da necessidade crescente de controle de emissões de gases de efeito estufa.
Em que pesem as políticas de incentivo ao transporte de massa, no Brasil o transporte individual segue forte, a exemplo do que ocorre em outros países do mundo onde a tendência é a complementaridade. A resposta da indústria automobilística ao desafio da mobilidade atual e às tendências futuras atende pelo nome de tecnologia e tem como alvo as novas necessidades do usuário final.
E quais serão os próximos desenvolvimentos da propulsão? Quais as tecnologias que manterão o etanol atrativo e o Brasil na posição de destaque quanto à sustentabilidade em combustíveis automotivos?
Acredito que veremos em breve aplicações flexfuel turboalimentadas, com a pressão de turbina variável com a percentagem de etanol. Devemos ter também flexfuel com injeção direta, onde o combustível vegetal resultará em aumento de eficiência volumétrica em relação à gasolina. Outra possibilidade é a introdução de veículos híbridos flexfuel, na qual o consumidor terá a opção de uma terceira fonte energética em adição à gasolina e etanol.
Além de inovar a engenharia tem de remover as pedras no caminho da realização daquilo que criar, estejam elas onde estiverem. Quem viveu a época do lançamento do primeiro veículo de passageiro a álcool combustível produzido em série, em 1979, há de se lembrar que os consumidores “aprenderam” a conviver com o veículo a álcool e suas características peculiares, como a menor autonomia do tanque de combustível, cuidados especiais para a partida a frio e dirigibilidade durante a fase de aquecimento do motor e para o melhor desempenho depois de aquecido. O flexfuel chegou 24 anos depois, com advento de uma tecnologia pioneira de injeção eletrônica, com o que se conseguiu vencer o desafio de superar os estragos da crise de abastecimento que abalou a confiança do mercado no carro a álcool. O céu é o limite para a tecnologia.(Claudio Engler é colaborador do Comitê de Veículos Leves do Congresso SAE BRASIL)
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