terça-feira, 13 de setembro de 2011

Oportunidades para um modelo sustentável na mobilidade

Em 2005, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman escreveu um tratado sobre "a vida líquida” que, segundo ele, seria “uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante, com temor de não conseguir acompanhar a rapidez dos eventos, ficar para trás, ficar sobrecarregado de bens indesejáveis, perder o momento que pede mudança e mudar de rumo antes de tomar um caminho sem volta...”
O mundo vem se tornando cada vez mais líquido, e as instabilidades socioeconômicas e ambientais têm impactos globais cada vez mais profundos, com reflexos cada vez mais rápidos e devastadores, exigindo que governos e empresas vivam na incerteza sobre as questões centrais de sua política interna e internacional.
Com economias tão entrelaçadas, qualquer intervenção regional é capaz de derrubar bolsas no mundo todo, seja uma greve no interior do Texas, distúrbios sociais num subúrbio de Londres, alterações climáticas e até desastres energéticos no Japão impactam o mundo inteiro. As intervenções econômicas têm impacto direto na mobilidade das pessoas, como um tsunami cujo efeito é desastroso no final da cadeia.
Nosso País encontra-se num momento singular de sua história. Nos últimos anos, o PIB brasileiro cresceu 27%, de R$ 2, 2 trilhões para mais de R$ 3 trilhões, e o Brasil foi uma das poucas nações do mundo a crescer acima dos 6% em 2010. São números que apontam o Brasil como uma economia sólida, responsável por criar condições para que mais de 20 milhões de pessoas saíssem da pobreza, e outros milhões entrassem no mercado consumidor.
Esse fenômeno permitiu uma das maiores migrações de todo mundo, com melhoria do consumo da população de baixa renda e impacto direto sobre a mobilidade nas grandes cidades, acompanhados por externalidades, como congestionamentos, acidentes, poluição atmosférica e maior consumo de energia.
Frente a essas consequências, a pergunta que devemos fazer é: - Como lidar com o crescimento econômico e os efeitos negativos da demanda da mobilidade no setor de transportes? Como as pesquisas de tecnologias embarcadas poderão contribuir com as políticas públicas para a redução dos congestionamentos das cidades e da emissão dos gases de efeito estufa? Políticas públicas para uma mobilidade urbana sustentável seria uma nova questão a ser enfrentada pelo setor automotivo?
Esse será o foco do Comitê de Sustentabilidade do Congresso SAE BRASIL 2011, que estreia este ano e vem com o painel O Papel da Sustentabilidade e da Inovação na Mobilidade. Vamos discutir os problemas atuais, ações mitigadoras e buscar uma visão de futuro sustentável para a mobilidade, com os desafios e oportunidades para os novos modelos de negócios. (Nelson Branco é diretor do Comitê de Sustentabilidade do Congresso SAE BRASIL)

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