quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Alta Roda nº 667— Fernando Calmon — 7/2/12

ENERGIA COM FIDELIZAÇÃO

As alternativas energéticas estão, de novo, no centro das atenções. E, claro, isso tem muito a ver com o que acontece ou acontecerá nos EUA, de longe o maior consumidor de petróleo. A estratégia dos americanos é chegar ao mesmo objetivo dos europeus de emitir menos gás carbônico (CO2), um dos gases de efeito estufa que poderiam afetar o clima no planeta, mas atuando na diminuição de consumo de combustível. O resultado final, igual. Porém politicamente o discurso do carro econômico é mais palatável.
O tema se tornou tão relevante que o novo presidente da Nada (Associação Nacional de Concessionárias de Automóveis, em inglês), William Underriner, o elegeu como principal preocupação em seu mandato. A convenção anual da Nada, megaevento que reuniu 20.000 pessoas e uma grande exposição de fornecedores de serviços, este ano foi em Las Vegas. Naturalmente, fabricantes de veículos têm participação ativa e seis deles montaram estandes.
A Califórnia, maior mercado do país, estabeleceu, no final de janeiro último, uma meta de diminuição paulatina de consumo, alinhada à já anunciada pelo governo federal: média dos modelos comercializados deve atingir 23 km/l de gasolina até 2025 (hoje não chega a 14 km/l). Na realidade, a Califórnia quer 15,4% de veículos vendidos no estado movidos apenas a bateria, a pilha de hidrogênio ou híbridos plugáveis em tomada. Em outros termos, a eletricidade, em parte ou totalmente, passa a vigorar por decreto. Pode ocorrer uma revisão em 2018. Mesmo porque a infraestrutura precisa acompanhar.
Na convenção da Nada, os fabricantes apoiaram a medida, inclusive no discurso de Sergio Marchionne, presidente da Fiat-Chrysler, que considerou o objetivo factível. Os concessionários, porém, não se convenceram de que esse é o desejo dos consumidores, pois as novas tecnologias agregariam até US$ 5.000 (R$ 8.500) ao preço final dos automóveis, cuja média, hoje, está em US$ 22.000 (R$ 38.000).
Entre outros assuntos discutidos, se destacou a fidelização dos clientes no pós-venda e o estímulo a aprofundar ações. Uma delas é a pré-venda de serviços de manutenção, com bons descontos, já agregada às prestações do financiamento. Trata-se de um passo adiante às revisões a preço fixo existentes aqui. Nos EUA, concessionárias colocam cartazes comparando os preços de seus serviços, mais em conta do que nas redes de autocentros, nominadas uma a uma.
Outra iniciativa, ainda pouco aceita no Brasil, é a garantia estendida. O produto vem aumentando de interesse nos EUA, como forma de evitar que proprietários de veículo se afastem após o período de cobertura oferecido pelo fabricante. Só que se trata realmente de um seguro, sem vincular o motorista a uma concessionária e tem abrangência nacional. Essa cultura de atendimento desburocratizado e regras claras faz parte do ambiente de negócios americano.
Flavio Meneghetti, presidente da Fenabrave, considerou positivo que mais concessionários brasileiros, a cada ano, compareçam às conferências da Nada. A utilização das ferramentas de internet está no ápice e lá não faltam especialistas. Muitos desses recursos permanecem subutilizados no País.

RODA VIVA

EMBORA os resultados de vendas em janeiro no mercado interno tenham sido recordes, os estoques voltaram a subir de 30 dias, em dezembro de 2011, para 36 dias, no mês passado. Dois indicadores continuam desconfortáveis: inadimplência de 5% (2,5%, em 2010) e índice de confiança do consumidor da FGV (menos 4 pontos). Queda dos importados foi maior pela antecipação de compras, antes do aumento do IPI.
ANFAVEA, ao fazer o balanço mensal da indústria, nada quis comentar sobre negociações de revisão do acordo comercial automobilístico México-Mercosul. Significa que, nos bastidores, as coisas devem estar quentes. Imbróglio será resolvido, mas o governo federal parece meio perdido no intervencionismo. Ora pende para um lado, ora para outro.
CIVIC deve ir bem no Brasil com as reformulações do modelo 2012, principalmente no interior, com até duas telas, uma delas sensível ao toque e que inclui navegador. Mudanças de estilo foram pequenas. Mecanicamente há evoluções sutis, no dia a dia urbano e em estradas. No entanto, o carro ficou mais na mão, sem dúvida. Porta-malas cresceu à custa do estepe estreito.
NOS EUA, o Civic sofre com críticas de falta de audácia no desenho e menos equipamentos. Tanto que a Honda providencia alguns retoques para breve, depois de apenas um ano de vendas. Nesse segmento, porém, o carro vendido lá tem outro público em relação ao daqui. Nada indica que as situações sejam comparáveis. O tempo vai dizer.
INTERESSANTE a iniciativa do Inmetro ( Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) de produzir, na sua série de vídeos “Faça Certo”, um específico explicando sobre os bancos infantis obrigatórios. Há dúvidas esclarecidas de forma bem didática e eficiente. Basta acessar www.youtube.com/tvinmetro.
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