sábado, 19 de maio de 2012

Autoplay – Tudo o que você queria saber sobre automóveis e tinha vergonha de perguntar


Tipos básicos de carrocerias II: Hatches e SW´s
Na segunda parte dessa série vamos começar com as carrocerias de dois volumes e vamos abordar os dois tipos bem comuns: os hatchbacks e as camionetas.
Mini - fabricado pelo grupo BMC, definiu os hatches modernos e compactos com motor e transmissão transversais como padrão no mercado. Essa disposição melhora o aproveitamento do espaço interno dando mais espaço para os passageiros e cargas.
Hatchback
Esse tipo de carroceria surgiu no final dos anos 50 na Europa e Japão e sendo introduzida nos EUA somente na década de 70 apesar dos esforços de alguns importadores. A característica básica desse tipo de carroceria é a traseira cuja janela traseira tem uma grande inclinação e termina com a traseira truncada. Há pouco balanço traseiro, isto é, a distância entre o fim da caixa de roda e a ponta do para-choque traseiro. Outra característica que dá o nome a esse tipo de carroceria, é a grande tampa traseira, que do inglês "hatch" quer dizer alçapão ou escotilha. Teoricamente uma pessoa pode entrar pela tampa traseira na maioria desses modelos, por isso a contagem de portas varia entre 3 e 5. Há exceções como o Hyunday Veloster que tem 4 portas: a traseira para carga e três para os passageiros. Para evitar confusão com sedãs cuja contagem de portas costuma ser em pares, o departamento de marketing da importadora da marca coreana preferiu suprimir a tampa traseira da contagem. No Brasil o primeiro hatch a ser fabricado aqui foi o VW Brasília que apesar do motor traseiro diminuir o tamanho da tampa traseira, conta com o balanço curto e a traseira truncada. Em 1976 veio o Fiat 147 que além do formato hatch, trouxe uma concepção mecânica moderna com tração dianteira, motor transversal que diminuía perdas mecânicas já que o conjunto girava na mesma "direção". Na Europa um dos pioneiros nessa configuração foi o Austin/Morris Mini que foi lançado em 1959. Nos anos 80 houve uma variante denominada furgão, nos modelos VW Gol e Fiat 147. Furgão é basicamente um veículo adaptado para carga, com os lugares dos vidros laterais traseiros fechados com painéis de aço ou outro material opacos e somente uma fileira de bancos, com lugar para o condutor e mais um ou dois acompanhantes. Por isso havia essa variação comercial nos hatches. Hoje os hatchbacks dominam na preferência de quem precisa de um carro urbano e compacto e com preços reduzidos.
Fiat 147, derivado do 127 italiano lançado em 1971, veio para cá 5 anos depois com motores de 1.050 e 1.300l. Bom espaço interno em tamanho compacto era seu apelo na época mas desconfiança do consumidor com o câmbio atrapalhou as vendas.
Toyota Aygo: Subcompacto japonês é vendido na Europa junto com versões Peugeot ou  Citroën. Esse tipo de hatch é muito procurado devido ao trânsito difícil e ruas estreitas das cidades européias. No Japão os key-jidosha com proposta semelhante ao Aygo adotam preferencialmente esse tipo de carroceria.
Renault Zoe: Junto com seu primo Nissan Leaf é uma proposta de como será o hatch do futuro, com motor elétrico e supostamente sem emissões de poluentes e CO². Na Europa as extremamente poluidoras termoelétricas a carvão põe tudo a perder fazendo esses carros serem tão poluidores quanto um a gasolina.
Camionetas
Ford V-8 Flathead 1937: Material publicitário da época destacava a praticidade para levar  carga e oito passageiros.  Os motores oferecidos tinham entre 60 e 80 cv brutos. A carroceria de madeira era para economizar no uso do aço que era caro. Depois com a 2ª Grande Guerra era opção à escassez de matéria prima.
Denominadas também como "peruas", SW (Station Wagon), Shooting Brake dentre outras, esse tipo de veículo que começou nas décadas de 10 e 30 como uma espécie de táxi que buscavam os passageiros em estações de trem sendo chamados "Depot Hack´s e depois "Station Wagon", (ou vagão de estação).
Costumam ser derivadas de sedãs e hatchbacks e a característica principal é o teto alongado até a linha dos para-choques, com pouca ou nenhuma inclinação na parte traseira. Por ter tampa traseira grande, também recebe contagem ímpar de portas (3 ou 5, mas tem veículos especiais como as peruas Checker que costumam ter até 9 portas e tamanho de limousine). Tem balanço traseiro mais comprido em relação aos hatches. Nos EUA as carrocerias eram oferecidas inicialmente por customizadores independentes e a maioria era feita de madeira. Nas décadas de 40 e 50, as "Woodies" continuaram a ser feitas em madeira para economizar o aço, material que se tornava escasso devido aos esforços de guerra após o EUA entrar na Segunda Guerra Mundial de vez.
Nos anos 50 começou a ser oferecida como opção familiar devido à sua praticidade, e alguns modelos para atender grandes famílias ganharam bancos suplementares, o que as capacitava a levar até 8 passageiros (3 nos bancos dianteiros, 3 nos traseiros e mais dois no suplementares, hoje em dia é comum o 2+3+2 somando sete passageiros). Populares nos anos 60 e 70, começaram a perder força nos anos 80 e 90 com a invasão das minivans e na década de 2000 foi a vez dos utilitários esportivos (SUV´s). A primeira "perua" fabricada aqui foi a Vemaguete, da DKW no fim dos anos 50.
Mini Traveler: A perua sendo mostrada como um carro familiar em propaganda de época.
Para essa categoria temos diversas denominações e vou listar as mais comuns:
Avant: "Sobrenome" para diferenciar a versão familiar de sedãs e hatches da marca.
Break: Usada por algumas fabricantes francesas para denominar suas peruas e dar um toque de esportividade.
Camionetas: É a denominação oficial do Contran para esse tipo de veículo. Não confundir com Caminhonete, que também leva carga mas em compartimento aberto. As que recebem material opaco em lugar dos vidros são também denominadas furgões.
Caravan: Aqui no Brasil denominava a versão caminhoneta do Opala, versão do Opel Reckord. A Opel costumava usar esse termo como um "sobrenome" para se referir às peruas, para diferenciá-las dos sedans. Então a Caravan na verdade era a Opel Reckord Caravan.
Estate: Costuma designar versões familiares de carros de marca premium. "Estate" são condomínios gigantes americanos com todo o tipo de infra-estrutura de lazer. Por isso era o tipo de veículo preferido dos abonados moradores desses locais que as usam para levar todo tipo de traquitana de uso esportivo como tacos de golfe por exemplo.
Perua: Diz-se que é um termo paulista e de origem incerta. Há referências a um camburão da polícia que recolhia os "pudins de cana" bêbados iguais a um peru antes da ceia de natal. Nos anos 50 e 60 era o tipo de veículo preferido das mulheres, mas as que se vestiam de jeito espalhafatoso (ok, ok, cafona) cheias de enfeites e jóias ostentando riqueza (também conhecidas como "socialites", heloôo...) também recebiam a alcunha de "peruas".
Shooting Brake: Costuma designar peruas de três portas (se bem que alguns fabricantes a usam para determinar versões 5 portas) e com motores mais fortes, com foco na esportividade. Antigamente denominava uma espécie de carroça com rodas grandes que era usada tanto para amansar cavalos bravos como para caçar raposas. Também costuma designar versões de superdesportivos e sedans grã-turismo transformados em peruas .
Tourer: Também designa versões perua de veículos de porte médio, com apelo levemente esportivo.
Variant: Aqui no Brasil denominou a versão familiar da sua linha "moderna" com o tradicional motor boxer a ar (veja aqui) da Volkswagen. Na Alemanha era o "sobrenome" para diferenciá-las das suas versões sedãs e hatches.
Weekend: "Sobrenome" que a Fiat usa para diferenciar as peruas de hatches e sedans de onde derivam.
Checker Marathon Aerobus 1969: Um veículo que levou ao máximo o termo "Station Wagon" com suas nove portas  e capacidade para 12 passageiros. Havia uma opção mais modesta com capacidade para 9 passageiros e 7 portas. Para arrastar tudo isso um V8 de 5.7l e 300 cv brutos. Material da época destacava a "economia" com a gasolina barata antes da primeira crise de petróleo.
Cadillac CTS-V Sport Wagon: Para se diferenciar da concorrência, cujos produtos tem apelo mais familiar ou prático, a Cadillac  lançou essa perua com apelo mais esportivo para atender um novo tipo de público.
SAAB 9-5: Nem sempre peruas derivadas de sedans tem desenhos harmônicos, às vezes a intenção de deixar o veículo mais prático e versátil cobra o seu preço na beleza do projeto. Às vezes projetos feitos pelas filiais para atender o mercado local nem sempre primam pelo cuidado no design.
VW Space Fox: Enquanto a sua principal rival no mercado brasileiro tenta transformar sua perua  em uma SUV, aqui ela tenta competir com as minivans que quase provocaram a extinção da categoria com apelos como maior altura, espaço modular e até... uma versão "aventureira" com apelo off-road bem light.



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