Mobilidade rodoviária sustentável é um tema a ser debatido entre governo, indústria e sociedade, e cada um deve desempenhar com eficiência o seu papel. Do lado das montadoras e dos fabricantes de autopeças, muito tem sido feito nesta direção. Os veículos estão cada vez mais seguros e menos poluentes. As soluções tecnológicas oferecidas pelo setor são diversas e o desenvolvimento constante, que mereceu um painel na Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana, organizada pela Michelin e CTS (Centro de Transporte Sustentável), que termina hoje no Rio de Janeiro. Moderado por Luso Ventura, da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), contou com a participação de Antonio Megale, vice-presidente da Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), José Antonio Fernandes Martins, presidente do Simefre (Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários) e Virgilio Cerutti, presidente do Grupo Magneti Marelli no Mercosul.
Em sua apresentação, o executivo da Anfavea reforçou que o problema da mobilidade urbana vai muito além dos congestionamentos e de veículos mais eficientes. “O Brasil tem uma frota de 28 milhões de automóveis e ainda há muito espaço para crescer. Por isso, há que pensar em soluções para melhorar a infraestrutura e a legislação de trânsito, no planejamento urbano das cidades, na educação dos motoristas, entre outras”, disse, ratificando que, da parte da indústria, os avanços tecnológicos têm refletido em veículos compactos, com motores mais eficientes, que funcionam com combustíveis alternativos, menos poluentes, mais seguros, melhor dirigibilidade e maior índice de reciclabilidade. “O automóvel não pode ser visto como o vilão da mobilidade.”
José Martins, do Simefre, enfatizou a necessidade de investimentos públicos no transporte urbano, principalmente no que diz respeito à infraestrutura viária, visto que, em termos de tecnologia automotiva, o Brasil tem nível mundial. “Produzimos ônibus articulados, biarticulados, 100% piso baixo, micro e miniônibus, com alta acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, para citar alguns exemplos da nossa capacidade”, garante, lembrando que em São Paulo já está circulando, em fase de testes, o primeiro ônibus a hidrogênio. “Mas de nada adiantam os veículos apropriados para sistemas integrados, se no País inteiro são apenas 260 quilômetros de corredores de ônibus, por exemplo, se disputamos espaço com o transporte irregular, convivemos com uma frota antiga e com políticas que incentivam o transporte individual”, desabafa.
Mesmo com este cenário, a indústria segue fazendo a lição de casa. Virgilio Cerutti apresentou as soluções da Magneti Marelli em prol da mobilidade. Dentre os vários lançamentos da última década, destacam-se as tecnologias flex fuel, que permite ao veículo rodar com álcool e gasolina simultaneamente – que hoje representam 88% das vendas de zero quilômetro no Brasil –, e a tetrafuel (álcool, gasolina misturada com álcool, gás natural veicular e gasolina pura).
Outro desenvolvimento recente da empresa é o câmbio automatizado Free Choice, que auxilia na dirigibilidade, reduzindo o consumo e, consequentemente, a emissão de poluentes. O EcoRota é uma tecnologia de navegação, que melhora o desempenho do motor e do veículo de forma integrada. Já a EcoDireção fornece ao motorista as melhores condições de dirigibilidade, por meio de relatórios, em tempo real, que mostram a performance do automóvel, permitindo a correção de falhas que podem causar mais desgastes. Ambas fazem parte do sistema EcoNavegação, que pode reduzir em até 45% a emissão de CO2 e de 5% a 25% o consumo de combustível.
Para encerrar o painel, os palestrantes enfatizaram a importância de se investir na infraestrutura de trânsito no Brasil, para que o avanço tecnológico da indústria possa ser aproveitado plenamente.
Outro tema de destaque no segundo dia da Convenção foi a mobilidade acessível aos portadores de necessidades especiais que, segundo Marco Pelegrini, coordenador de Acessibilidade da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, de São Paulo, com base em dados do IBGE, são 24 milhões de pessoas do Brasil com pelo menos uma deficiência.
Neste sentido, há que se lembrar que acessibilidade vai muito além da instalação de rampas em ônibus. É preciso pensar no projeto arquitetônico e urbanístico das cidades, infraestrutura viária que facilite a mobilidade, entre outras soluções.
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