quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Transporte na superfície é a solução

O futuro está na superfície. Com esta frase, Jaime Lerner, arquiteto e urbanista, que criou o BRT (Bus Rapid Transit) e o implantou em Curitiba (PR), durante sua gestão na prefeitura, abriu sua apresentação na Convenção Mobilidade Sustentável na Renovação Urbana, organizada pela Michelin e CTS (Centro de Transporte Sustentável), que termina hoje no Rio de Janeiro. Segundo ele, as vantagens do BRT – sistema de transporte coletivo que consiste em uma ou mais linhas (eixos principais) sobre as quais os ônibus viajam em um ciclo de alta frequência, alimentadas por diversos ramais, vindos de diversas áreas – sobre o metrô são inúmeras. “Um ônibus com capacidade para 300 passageiros, com intervalo de tempo de 1 minuto entre cada um, conduz 18 mil pessoas por hora. O prazo para implementação de um sistema completo é de três anos, a um custo 100 vezes menor”, garante, enfatizando que é necessário que os gestores pensem melhor na concepção das cidades. “Mais importante do que adotar o sistema BRT é operá-lo com eficiência. Há espaço para todos os modais de transporte. No entanto, devem ser complementares e não competitivos entre eles.” Outro defensor do BRT presente na Convenção foi Enrique Peñalosa, consultor internacional do ITDP (Institute for Transportation and Development Policy). Para ele, a boa cidade é aquela em que queremos estar na rua. “E para estar na rua, precisamos de espaços que priorizem as pessoas, em detrimento dos carros, calçadas, ciclovias e parques.” Para ele, que implementou o BRT em Bogotá, Colômbia, durante sua gestão na prefeitura, o interesse geral deve prevalecer sobre o individual, conforme prevê a constituição, se não de todos, da maioria dos países. “Dentro deste raciocínio, é lógico que um ônibus que transporta 70 passageiros, por exemplo, deve ter 70 vezes mais direitos que o carro, que conduz um. Isso é democracia elementar”, argumenta, enfatizando que os gestores, em vez de investirem bilhões em autopistas e estradas para o transporte individual, deveriam investir no transporte coletivo de superfície, que demanda menos recursos, em escolas, parques, moradias, entre outras obras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário