terça-feira, 2 de março de 2010

Alta Roda nº 566 — Fernando Calmon — 2/3/10

SOLUÇÃO PARA POUCOS
Muito se tem comentado sobre a proximidade da era do carro elétrico. Nos países do hemisfério norte o vozerio é cada vez maior e não existe um fabricante de veículo que esteja fora desse contexto. Tema recorrente nos salões internacionais de automóveis, os organizadores da exposição de Detroit, em janeiro último, chegaram a criar uma “avenida” elétrica só para abrigar expositores, grandes ou pequenos, que tinham algo a exibir nesse campo. Na realidade, já há veículos puramente elétricos à venda naqueles países, sem contar os híbridos que possibilitarão, em breve, recarregar a bateria em uma tomada (plug-in). A Tesla vende, nos EUA, sob encomenda um carro esporte próprio movido só a bateria, mas se trata de operação viável só nesse estágio. A Mitsubishi foi a primeira a comercializar, em versão elétrica, o subcompacto i-MiEV, de início no Japão e agora nos EUA e Europa. A chinesa BYD apresentou o e6 com um novo tipo de bateria, mas não anunciou data de comercialização. Dois fabricantes lançam este ano modelos projetados especificamente para serem elétricos. A Nissan vai aceitar pré-encomendas do Leaf a partir de abril, quando deve anunciar preço e condições de compra nos EUA. Já o Chevrolet Volt, que a GM chama elétrico de autonomia estendida por um motor/gerador a combustão, começa com 100 exemplares para os estados da Califórnia e Michigan, no fim do ano, e pretende vender 10.000 unidades em 2011. A aliança Renault-Nissan faz apostas pesadas. Já acertou mais de 30 parcerias em cidades, regiões e países de pequeno território. Seu presidente, Carlos Ghosn, fez até previsão: “Em 2020, 10% dos automóveis vendidos no mundo serão elétricos”. Algo como oito milhões de unidades naquele ano, número otimista em demasia. Quase todos os analistas internacionais experientes estão bem mais prudentes. Estimam que cerca de dois milhões/ano seria a meta pé-no-chão (2% do mercado mundial projetado). De fato, não falta apoio aos elétricos. O presidente Obama deseja ter um milhão de veículos nas ruas até 2015, com incentivos financeiros (ainda sem aprovação). Na cidade de San Francisco, Califórnia, casas e escritórios novos terão que prover infraestrutura para recarga. Na Europa e no Japão há iniciativas também para fomentar o mercado. Falta, no entanto, combinar com as empresas geradoras de energia quem vai pagar pela reforma da rede e geração extra para alimentar milhões de veículos. E o consumidor foi consultado? No Japão e nos EUA, 9% responderam a uma pesquisa com preferência pelo elétrico, em comparação a híbridos e carros convencionais. Ninguém perguntou a que preço. Mas o choque (sem trocadilho) de realidade ainda está por vir. Falando de Brasil e do modelo mais barato, só como referência, quantos pagariam R$ 50.000,00 por um Mille levando um passageiro a menos e 200 kg só de bateria de última geração, que teria dificuldade em ultrapassar veículos lentos e gastaria oito horas para recarregar depois de rodar 80 km sem usar o ar-condicionado? Ninguém pode ser contra o carro elétrico – econômico, silencioso e não poluidor. Mas sem resolver a equação peso-preço-volume-autonomia-abastecimento, que há mais de um século teima em resistir, se alcançará apenas uma solução de nicho.
RODA VIVA
MODELOS de dimensões menores que Logan e Sandero estão nos planos da Dacia, marca pertencente à Renault. O próprio vice-presidente do fabricante romeno, Constantin Stroe, revelou recentemente na Europa. Também disse que haverá surpresas na renovação da gama. Novidades que, certamente, serão estendidas aos produtos produzidos aqui. MERCEDES-BENZ inovou no novo Classe E Cabriolet, lançado agora em Mallorca Espanha, e que chega ao Brasil em maio. Dispositivo aerodinâmico muito eficiente (AirCap) melhora sensivelmente o incômodo causado pelo vento e ruído, em especial para os dois passageiros atrás. Trata-se de defletor sobre o topo do para-brisa, acionado por comando elétrico. Recolhe-se de forma automática ao se fechar a capota. ISOLAMENTO acústico também se destaca nesse conversível premium alemão. A capota de lona — parece voltar à moda — é tão bem projetada e construída que filtra ruídos externos quase no nível de sedãs e cupês tradicionais de teto rígido. Mesmo guiando em velocidades mais elevadas típicas das autoestradas europeias. SAVEIRO Cross surge como contraponto aos exageros de apêndices e penduricalhos de inspiração aventureira em voga no mercado brasileiro. Na faixa de preço de R$ 42.000,00 a pouco menos de R$ 45.000,00, a picape compacta da VW destaca-se por uma peça de tripla função: rack, protetor do teto e suporte de capota marítima. AUTORIDADES nunca admitem a existência de indústria de multas no Brasil. Mas, a revista Veja São Paulo levantou: 39% das viaturas que cuidam do trânsito estão paradas; 67% dos semáforos inteligentes não funcionam; 55% das câmaras de monitoramento, inoperantes. Quanto aos radares, só 14% estão defeituosos... ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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