segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Radar inteligente apenas facilita a fiscalização veicular

Computadores não pensam, informam docentes de informática, já na primeira aula. Produtos de ações inteligentes são softwares, programas de computador. Radar inteligente é branding para o trio câmera, computador e radar interligados, a evitar apelidos, como dedo-duro. Pelo computador, imagens são varridas em busca de dados de placas, sob o princípio da Optical Character Recognition (OCR), conhecido por converter textos impressos em decodificados de máquina. Em seguida, bancos de dados consultados à distância.
Multas pendentes, impostos atrasados e restrições de uso disparam aviso para autoridades competentes interceptarem o veículo. Gap de 2 segundos entre imagem obtida e alerta. Substitui a abordagem randômica, de eficiência menor, que cumpria função de espraiar sensação de temor de ser flagrado, coibindo o uso de veículos irregulares.
Radar de velocidade, 30 anos no cenário brasileiro, foca saúde pública, não obstante a abordagem pragmática de coletor de recursos daqueles que insistem em andar acima da velocidade permitida. A redução de velocidade tem estreita relação com a minimização de mortos e injuriados no trânsito.
Radar inteligente, facilitador da fiscalização veicular, foca redução da inadimplência sob o manto da verificação da qualidade veicular e segurança. Auxilia no combate ao furto, que esbulha a economia popular e reduz mercado das seguradoras que precisam impor prêmios cada vez maiores. Contudo, não propicia melhoria à fluidez viária nem à qualificação da frota, como equipamento isolado.
Deve fazer parte de plano de ações conjuntas, que permitam a ampla retirada dos veículos irregulares. Tímidas estimativas citam um veículo irregular a cada três, nas grandes cidades brasileiras. Não há pátio suficiente nem para comportar os veículos retirados da via pública pelo procedimento atual nem para garantir que não virem sucatas em pouco tempo.
Um grupo de ações para efetivar política de melhoria da qualidade de trânsito e de qualificação veicular, tendo o radar inteligente como um de seus elementos, deveria englobar alteração de dispositivos de lei e procedimentos, facilitando expropriar veículos cujo valor de casco fosse menor que sua dívida, mantidos expedientes de defesa, necessários em países democráticos. Cascos para compressores, matéria-prima para siderúrgicas ou empresas que segregam metais e polímeros.
O contraste da qualidade de trânsito e veicular seria nítido, à medida que blitzes retirassem milhares de veículos irregulares. Cascos gerando ativos e não passivos ambientais monstruosos.
Quanto à abordagem social da retirada do transporte de seus proprietários, propostas de cartas crédito para cada veículo retirado, fomento ao financiamento dos novos. Associe-se a obrigação do Estado em prover transporte público de qualidade. Não se podem aceitar veículos que exponham a sociedade a risco inadmissível.
Porém, o radar inteligente expõe a fragilidade da defesa do Siniav (Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos), lei a obrigar uso de tag de identificação, cujos defensores insistem que aumentará a segurança. Ladrões o anularão com a agilidade que se mata barata com sapatada. Traz à memória um estojo de primeiros socorros obrigatório. Este tag facilitará instalar pedágio urbano. Placas físicas são melhores. O radar inteligente as lê. Melhor que toda a parafernália ainda é o olho do agente de trânsito. Identifica com facilidade o juvenil motociclista imberbe ou o veículo caolho e multicolorido cuja fumaça parece querer sinalizar seu desprezo a todos que estão parados à sua volta. (Creso de Franco Peixoto é professor do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e mestre em Transportes)

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