terça-feira, 3 de agosto de 2010

Alta Roda nº 588 — Fernando Calmon — 3/8/10

DILEMA ROMPIDO
O segmento do monovolumes já teve seus tempos de ouro no exterior e até ajudou, no final de 1983, a salvar a Chrysler de uma de suas graves crises. Lee Iacocca antes tentou desenvolver o projeto em passagem pela Ford, mas só quando se transferiu ao concorrente a ideia vingou. Não se mostrava exatamente um monovolume: a parte frontal era avançada. A Nissan, em 1981, indicara o caminho com o Prairie, uma station wagon de teto alto. A Chrysler evoluiu o conceito: avançou o habitáculo e elevou o teto até chegar à silhueta de hoje. O sucesso seduziu vários seguidores. Entretanto, com o tempo, os SUVs foram tomando quase todo o seu mercado. Nos EUA, hoje, os monovolumes da marca ainda lideram, mas o segmento fica abaixo de 10% do total, mesmo da metade do que já representou. A Renault aproveitou a boa aceitação do Scènic europeu para lançar aqui o conceito, em 1998, ao inaugurar a fábrica paranaense. Xsara Picasso e Zafira (2001) e depois os compactos Meriva (2002) e Idea (2005) se seguiram, sempre valorizando o espaço interno e a visibilidade. Até o Fit foi “enquadrado” como monovolume, embora considerado um hatch de teto alto em outros países. Os monovolumes chegaram a representar 10% do mercado nacional, porém também entraram em declínio com a ascensão dos SUVs. Livina e Grand Livina decretaram o fim do Scènic esta semana. Já se esperava: os três compartilhavam a mesma linha de montagem e o segmento encolheu para 6% a 7% das vendas totais. Não vende porque não se atualiza; não se atualiza porque não vende. Esse dilema ajuda a explicar a perda de dinamismo do segmento. A Fiat, no entanto, rompeu o impasse ao reformular o Idea em profundidade, inclusive oferecendo os novos motores E.torQ (1,6 e 1,8 l 16 V), da sua divisão FPT. No conjunto, o resultado superou o mesmo modelo italiano. O conjunto frontal garante um aspecto robusto. O grupo ótico, além de novo, ilumina melhor. A fábrica de Betim foi além: lançou aqui as primeiras lanternas traseiras 100% de led (diodos de luz), aproveitando a especialização de sua subsidiária Magneti Marelli. Esses diodos, bem aceitos no exterior, são o futuro da iluminação automotiva. Gastam menos energia, duram 20 vezes mais (praticamente a vida do carro), são mais visíveis e acendem muito mais rápido. O preço de custo é o dobro de uma lanterna convencional. Em um monovolume fica em posição alta, menos exposta a pequenos acidentes. As limitações geométricas do modelo – posição e tamanho das lanternas – tolheram a criatividade possível com a tecnologia dos leds, porém o efeito no Idea é bom. Entre os aperfeiçoamentos introduzidos estão o aumento de vazão do ar-condicionado, as robustas maçanetas externas e os retrovisores laterais maiores (com leds repetidores). Agora há também a versão Sporting, motor de 1,8 l/132 cv, um conjunto equilibrado e sem os exagerados apêndices da Adventure. Nesta, o bloqueio do diferencial passou a opcional, permitido manter o preço anterior em R$ 57.000,00. Com o motor 1.4 (fraco nessa aplicação), a linha começa em R$ 43.600,00. A combinação de câmbio automatizado Dualogic e novos motores realmente mudou a dinâmica do Idea, o que o tornou a referência no segmento. RODA VIVA SEGUINDO a mesma filosofia da Nissan – oferece o Livina com 5 lugares e Grand Livina, 7 lugares – a GM terá, no segundo semestre de 2011, substituto único para Meriva e Zafira. Arquitetura será a do atual Opel Corsa europeu. Zafira, contudo, pode conviver com o novo modelo por algum tempo para não deixar sozinho no mercado o Xsara Picasso. GOLF Plus europeu, de teto alto, será a base para o futuro novo A2. Dessa forma a Audi terá preenchido toda a sua linha, do A1 ao A8, cobrindo o mercado de ponta a ponta, incluindo a gama Q de utilitários esporte. Espera-se para outubro, no Salão de Paris, o A1 Sportback, versão de quatro portas do compacto A1, recém-lançado na Europa (no Brasil, em março próximo). SAIU o ranking dos maiores produtores de veículos, em 2009, segundo a OICA (“Anfavea” mundial). Com automóveis, comercais leves e pesados: 1) Toyota; 2) GM; 3) VW; 4) Ford; 5) Hyundai/Kia; 6) Peugeot-Citroën; 7) Honda; 8) Nissan; 9) Fiat; 10) Suzuki. Ao considerar só automóveis, a VW ficou em segundo, apenas 200.000 unidades atrás da Toyota e um milhão a mais que a GM. PARTICIPAÇÃO do leasing nos financiamentos de veículos leves não para de cair. Bancos enfrentam certas “espertezas”, como falta de pagamento do IPVA e de multas, já que o bem permanece em nome da instituição financeira. No crédito direto ao consumidor, ao contrário, o carro está em nome do comprador e apenas alienado ao banco. PESQUISA na Europa apontou os critérios na compra de um carro novo. Lidera o fator qualidade/preço, seguido por confiabilidade, estilo, segurança (em quarto lugar...), consumo, imagem, espaço, equipamento e serviço. Dependendo do país essa ordem se altera. Na Espanha, por exemplo, a segurança vem em primeiro lugar. ____________________________________ fernando@calmon.jor.br

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