A Meritor inaugurou dia 24 de fevereiro, em Osasco, SP, fábrica para a produção de cardans, componentes utilizados na transmissão de força do motor às rodas de caminhões e ônibus. Com investimento de US$ 3,5 milhões, a empresa ganhou capacidade inicial superior a 120 mil unidades por ano, que pode ser expandida, para atender as diferentes fabricantes de veículos da região.
O lançamento dos cardans consolida a Meritor como um dos três maiores sistemistas no segmento de veículos comerciais da América do Sul. “Com o novo produto estamos aptos a fornecer todos os componentes que integram o sistema de tração e suspensão de caminhões e ônibus, entre a caixa de câmbio e as rodas”, afirma Sílvio Barros, diretor geral da ArvinMeritor para a América do Sul.
Ele explica que a companhia produz cardans na América do Norte desde 1904. “A operação local aproveita essa experiência para lançar produtos aprovados em mercados sofisticados e adequados à realidade brasileira”, afirma.
Além de estabelecer as fábricas em Osasco, a ArvinMeritor participa do Consórcio Modular da MAN, em Resende, RJ, no qual responde pelo suprimento de eixos e instalação de outros componentes no chassis dos veículos produzidos. A empresa inicia, também, a construção de unidade no parque de fornecedores nas proximidades da fábrica da MAN, junto com as joint ventures Master e Suspensys, estabelecidas com a Randon, fabricantes de cubos de roda, tambores, freios e eixos para carretas.
O diretor geral destaca a experiência obtida na parceria com a MAN e demais sistemistas do consórcio modular, que se estende por 15 anos. “A iniciativa da Volkswagen Caminhões e Ônibus, que agora pertence à MAN, representou um marco na cadeia global de suprimento e produção de veículos comerciais”, assinala Barros, enfatizando que a empresa tornou-se uma especialista em condomínios reunindo fornecedores integrados.
Ele lembra, ainda, que a marca Meritor possui raízes profundas na indústria automotiva local desde os tempos da Braseixos, que produziu eixos para os primeiros caminhões montados no Brasil. “Entramos agora em uma nova fase, com foco em ganhos de eficiência, novas tecnologias e produtos. Inovação passa a ser palavra de ordem em nossa operação”, diz, assinalando que a empresa implantou uma base operacional ampla, voltada ao propósito de valorizar o conteúdo local indispensável para garantir crédito incentivado aos veículos comerciais e assegurar flexibilidade logística.
Os investimentos em curso este ano, de US$ 20 milhões, se estendem à modernização das linhas de eixos em Osasco, com a introdução de novas máquinas. Há outros US$ 7 milhões já aprovados para 2012. Tecnologias atuais, como soldagem a laser e corte integrado de engrenagens, estão sendo incorporadas para a construção de novas famílias de eixos. “São inovações que colocam a manufatura e os produtos brasileiros no mesmo nível de qualidade e desempenho dos oferecidos em mercados internacionais”, assegura Arnaldo Camarão, gerente de engenharia.
Avanço
Barros está seguro de que o mercado de caminhões no Brasil entrou em ‘voo de águia’, alto e de longa duração. Para ele, a indústria local está preparada para acompanhar a trajetória ascendente do mercado, investindo em maior capacidade de produção, eliminação de desperdícios e ganhos logísticos. O executivo alerta, no entanto, que o circulo virtuoso não deve contar apenas com as encomendas previstas pelos grandes eventos esportivos, como Copa do Mundo e Olimpíadas, obras do PAC e evolução das safras agrícolas.
“As empresas do setor estão fazendo sua parte, buscando o estado-da-arte em gestão e produção. Mas esperam contrapartidas que devem vir do governo, como investimento em infraestrutura, desoneração fiscal na exportação, incentivo à formação e contratação de profissionais qualificados, desenvolvimento local de tecnologias e apoio à inovação”, registra. Ele entende que uma boa dose de inovação e eficiência será a chave para ganhar competitividade diante dos concorrentes internacionais e voltar com força às exportações.
Aftermarket
Os cardans passam a integrar o portfólio da Meritor no atendimento ao mercado de reposição, que se estende a toda a América do Sul a partir da base operacional na região de Osasco. A distribuição é feita por meio de uma rede de distribuidores na região.
“Os negócios de aftermarket de caminhões e ônibus não caminham historicamente no mesmo ritmo das vendas de veículos novos, mas a evolução tem sido positiva nos últimos anos, ao redor de 10%. A Meritor tem crescido um pouco acima dessa taxa”, explica Angelo Morino, diretor da Unidade Mercado de Reposição da Meritor para a América do Sul.
A operação oferece a linha de produtos Meritor na área de eixos, complementada pelos componentes fabricados pela Suspensys e Master e por parceiros comerciais. Há, ainda, uma linha de eixos remanufaturados, com a mesma garantia dos originais. “A receptividade a esses produtos tem sido boa, apesar de não existir ainda uma cultura nesse campo no Brasil”, revela Morino.
A unidade de reposição está de mudança para outra área, nas proximidades das fábricas da Meritor em Osasco. “Precisamos de mais espaço para nossas operações. Vamos ficar próximos do Rodoanel, para garantir ganhos logísticos e flexibilidade na distribuição”, diz o executivo.
Comerciais
Em janeiro a ArvinMeritor vendeu sua última parcela de negócios na área de componentes para veículos leves, que era dirigida à produção, em Limeira, SP, de fechaduras e peças para portas. A partir de agora a companhia passa a se dedicar exclusivamente ao desenvolvimento e fornecimento de soluções para caminhões, ônibus, carretas e veículos especiais.
“A decisão de mudar o perfil da companhia já havia sido tomada antes da crise deflagrada em 2008. A iniciativa se mostrou totalmente acertada, levando a uma expressiva recuperação das ações na Bolsa de Nova York e resgatando a vocação da marca Meritor no campo dos veículos pesados”, destaca Barros.
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