sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Uma visão bem humorada de nossa realidade automotiva

Entre um trabalho e outro, uma visão bem-humorada de nossa indústria e mercado como eles são, sem as ilusões marketeiras. A idéia era essa. Mas acabou pegando corpo. Cabeça de ilustrador não pára, os olhos enxergam tudo, o tempo todo, sob um prisma um pouco ao lado – nem à frente nem atrás, mas ao lado – do comumente visto. Trabalhando com textos, testes e estudando tecnologia automotiva e aeronáutica desde muito cedo, numa época em que para se ver algo melhor do que um Chevette, uma Brasília ou um Del Rey você tinha de comprar revistas importadas, e tendo o desenho técnico, ilustrações e charges como meios de vida, a conseqüência só poderia ser demonstrar em imagens o que vejo e penso sobre o mundo automotivo nacional. Aqui aceita-se tudo, graças a um marketing que entende a total falta de interesse genético do brasileiro em coisas essenciais. A montadora X pega o modelo Y e acrescenta “Plus, II, Copa, Special” ou qualquer outra besteira ao nome do tal modelo. Junto, acrescenta um valor absurdo por conta de sua “diferenciação” com outras versões, enaltecendo a tecnologia embarcada - vidros elétricos, Mp3 ou air-bags – como se fossem uma tremenda novidade. Ou criam novos “segmentos de mercado”, como a onda dos cross qualquer coisa que infestam as ruas hoje. Custam muito mais caro do que as versões “comuns” e servem para a mesma coisa, já que se você tiver a idéia de colocar o tal modelo fora do asfalto, só sairá rebocado. A invasão asiática nos mostra o quanto um regime ditatorial e escravagista pode dominar qualquer segmento em qualquer mercado, apenas pegando objetos existentes, copiando-os, produzindo-os a custos irrisórios com matéria-prima duvidosa e vendendo a preço de banana. Tem coisa boa feita naquele continente, mas é preciso ter conhecimento e cultura para separar o que presta do que nem eles querem. Como a fusão de marcas e modelos – em seus países de origem – cria situações condenáveis onde os novos controladores simplesmente re-batizam modelos antigos, colocam a venda e pronto, sem informarem qual a real origem do modelo, a idéia romântica do “fã-de-carteirinha” de determinada marca é um embuste. Juntando tudo isso, e vendo o quanto nossa indústria é atrasada em tecnologia, e o quanto a taxação ridícula e inexplicável aplicada pelo Governo sobre nossa produção eleva a valores estratosféricos produtos cujos valores não deveriam ultrapassar 50% do que são aplicados, as idéias começaram a pipocar. Usando a conhecida marca Insane do mundo das ilustrações e Lay-Outs, apenas para dar um ar “de indústria” as sátiras, e acrescentando um “Motor Company” – porquê brasileiro adora tudo escrito em inglês, mesmo não compreendendo nada –, criei a Countryvan para demonstrar como um tiquinho de maquiagem pode confundir; a Kombusine foi criada para satirizar a mania de ostentação nativa, onde qualquer “prego” que ganha na loteria ou vira deputado quer andar de Ferrari ou Limusine para se exibir, mesmo não fazendo a menor idéia de como se guia esses carros. No “embalo”, satirizo uma montadora italiana que acabou de lançar, nos Estados Unidos, para o mercado brasileiro, um modelo antigo da marca americana que agora administra. Como americano adora carros “Vintage”, e os “Woods” – antigos, feitos em madeira – são adorados por lá, tudo levou a criar o Panowood, um antigo modelo italiano fabricado por aqui, “americanizado” ironicamente em madeira.
Logicamente, muitas outras idéias nascem a cada dia, virando esboços que a falta de tempo coloca na gaveta, mas sempre que possível a fictícia Insane Motors Company apresentará algum “lançamento” em nosso mercado... mercado este que continua comercializando produtos de 10ª categoria, velhos, arcaicos e mal-acabados a preços extorsivos. (Renato Pereira)

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