EXTRA
Parte II - 50 Anos do Cobra
Vamos agora à segunda parte na biografia automobilística de Carrol Shelby, onde vamos abordar o segundo modelo baseado no imortal Cobra, o Daytona Coupé. Desconhecido pelo grande público, firmou a Cobra como a preparadora oficial do departamento esportivo da Ford e que chegou a até a ajudar em um projeto especial, que será abordado na próxima coluna, daqui a duas semanas. Vamos destrinchar esse ilustre desconhecido que fez "barba, cabelo e bigode" pra cima da arrogante escuderia que só ganhou um campeonato no "tapetão" e se retirou no ano seguinte para não ser humilhada.
Cobra Daytona Coupé2,000 km de Daytona Continental em Daytona, Flórida, 1965, os Cobras Coupés de Allen Grant e Jo Schelesser em ação. |
Para ganhar mais velocidade os engenheiros optaram por dois caminhos diferentes: Um “socou” um gigantesco motor de 7 litros o que obrigou a refazer o chassis e por isso os carros tiveram que ser homologados novamente. Mas como não havia carros suficientes, a FIA não aceitou homologar o Cobra 427. E mesmo que tivesse sido homologado, ele tinha problemas de pilotagem, fora o consumo de combustível. Outro engenheiro, Pete Brock optou por fazer uma carroceria mais aerodinâmica em alumínio moldado à mão usando o chassi do 289. E como a FIA permitia verões reencarroçadas de modelos existentes, Peter Brook fez uma série de alterações sutis em relação ao 289 aberto como motor mais baixo, radiador inclinado, chassi mais rígido e outras pequenas alterações sem fim. O resultado foi que mesmo com o motor menos estúpido que o do 427, bateu todos os recordes de pista em treinos, o que animou o texano a fabricá-lo. Era que Shelby era descrente em relação a aerodinâmica, e o que animou mais ainda era que o carro, nos testes da pista em Daytona chegou a 320 km/h e era 30% mais econômico que o "velho" Cobra 289. O resultado é que o coupé Daytona, como ficou conhecido, não chegou ao final da corrida do mesmo nome por estar ainda verde, mas em Sebring chegou em 6º em Spa Francorchamps em 1º desbancando a toda-poderosa Ferrari. Um segundo coupé foi inscrito para Le Mans, feito pela Carrozzeria Gransport, que só tinha um modelo de madeira e fotos para fazer o novo carro. E apesar de ser mais lento que o “americano” acabou ganhando a corrida. Em outra prova, Goodwood na Inglaterra, o carro ganhou com 4 voltas de vantagem sobre a Ferrari mais rápida. A equipe de Maranello protestou e exigiu uma desmontagem completa do Daytona, mas nenhuma irregularidade foi encontrada. Mas a Ferrari partiu para o “tapetão” e ganhou o campeonato de Gran Turismo de 1964 por míseros 4 pontos graças a um pedido de anulação de uma prova usando a sua influência política. É que a prova de Monza, um circuito trancado, favoreceria muito os Cobras e principalmente o Daytona que também era bom de reta. No ano seguinte, a Ferrari prevendo a humilhação, já que além do Daytona, havia o 289 e a estréia do lendário GT-40 abandonou o campeonato alegando protesto pela não homologação de um novo carro com motor central. E os americanos fizeram a festa. Outro "hat trick" americano só ocorreria décadas depois com outra cobra, que abordaremos em outro artigo.
Sebring, Florida, 1965. Bob Johnson em ação na pista. O carro chegou em segundo lugar nessa prova. |
24 Horas de Le Mans de 1965: Os coupés número 9 de Jerry Grant e Dan Gurney e o 10 de Bob Johnson e Tom Payne antes da largada. Os carros abandonaram nas voltas 204 e 158. |
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