sábado, 12 de maio de 2012

EXTRA

Parte II - 50 Anos do Cobra
Vamos agora à segunda parte na biografia automobilística de Carrol Shelby, onde vamos abordar o segundo modelo baseado no imortal Cobra, o Daytona Coupé. Desconhecido pelo grande público, firmou a Cobra como a preparadora oficial do departamento esportivo da Ford e que chegou a até a ajudar em um projeto especial, que será abordado na próxima coluna, daqui a duas semanas. Vamos destrinchar esse ilustre desconhecido que fez "barba, cabelo e bigode" pra cima da arrogante escuderia que só ganhou um campeonato no "tapetão" e se retirou no ano seguinte para não ser humilhada. 
2,000 km de Daytona Continental  em Daytona, Flórida, 1965. Jo Schlesser chega em 2º na geral e em primeiro na categoria GT. Na foto que abre esse artigo os Cobra coupes de Bob Johnson e Allen Grant em Le Mans, no mesmo ano.
Cobra Daytona Coupé
2,000 km de Daytona Continental  em Daytona, Flórida, 1965, os Cobras Coupés de Allen Grant e Jo Schelesser  em ação.
Para ganhar mais velocidade os engenheiros optaram por dois caminhos diferentes: Um “socou” um gigantesco motor de 7 litros o que obrigou a refazer  o chassis e por isso os carros tiveram que ser homologados novamente. Mas como não havia carros suficientes, a FIA não aceitou homologar o Cobra 427. E mesmo que tivesse sido homologado, ele tinha problemas de pilotagem, fora o consumo de combustível. Outro engenheiro, Pete Brock optou por fazer uma carroceria mais aerodinâmica em alumínio moldado à mão usando o chassi do 289. E como a FIA permitia verões reencarroçadas de modelos existentes, Peter Brook fez uma série de alterações sutis em relação ao 289 aberto como motor mais baixo, radiador inclinado, chassi mais rígido e outras pequenas alterações sem fim. O resultado foi que mesmo com o motor menos estúpido que o do 427, bateu todos os recordes de pista em treinos, o que animou o texano a fabricá-lo. Era que Shelby era descrente em relação a aerodinâmica, e o que animou mais ainda era que o carro, nos testes da pista em Daytona chegou a 320 km/h e era 30% mais econômico que o "velho" Cobra 289. O resultado é que o coupé Daytona, como ficou conhecido, não chegou ao final da corrida do mesmo nome por estar ainda verde, mas em Sebring chegou em 6º em Spa Francorchamps em 1º desbancando a toda-poderosa Ferrari. Um segundo coupé foi inscrito para Le Mans, feito pela Carrozzeria Gransport, que só tinha um modelo de madeira e fotos para fazer o novo carro. E apesar de ser mais lento que o “americano” acabou ganhando a corrida. Em outra prova, Goodwood na Inglaterra, o carro ganhou com 4 voltas de vantagem sobre a Ferrari mais rápida. A equipe de Maranello protestou e exigiu uma desmontagem completa do Daytona, mas nenhuma irregularidade foi encontrada. Mas a Ferrari partiu para o “tapetão” e ganhou o campeonato de Gran Turismo de 1964 por míseros 4 pontos graças a um pedido de anulação de uma prova usando a sua influência política. É que a prova de Monza, um circuito trancado, favoreceria muito os Cobras e principalmente o Daytona que também era bom de reta. No ano seguinte, a Ferrari prevendo a humilhação, já que além do Daytona, havia o 289 e a estréia do lendário GT-40 abandonou o campeonato alegando protesto pela não homologação de um novo carro com motor central. E os americanos fizeram a festa. Outro "hat trick" americano só ocorreria décadas depois com outra cobra, que abordaremos em outro artigo.
Mais 2000 km de Daytona 65, com Allen Grant em ação. Ao contrário da prova de 64 de estréia do coupé em que  teve como resultado o abandono, nesse ano o carro foi vitorioso e ainda levou o campeonato de contrutores.
Sebring, Florida, 1965. Bob Johnson em ação na pista. O carro chegou em segundo lugar nessa prova.
24 Horas de Le Mans de 1965: Os coupés número 9 de Jerry Grant e Dan Gurney e o 10 de Bob Johnson e Tom Payne antes da largada. Os carros abandonaram nas voltas 204 e 158.
Daytona Cobra coupe da equipe francesa representada pela dupla Jo Schlesser e Allen Grant na tradicional prova 24 Horas de Le Mans antes de abandonar na volta 111. Mas o carro de Jack Sears e Richard Thompson chegou em 8º.
Lamento informar, mas Carrol Shelby, o motivo dessa série, acabou falecendo ontem no Baylor Hospital, em Dallas com 89 anos. A causa da morte não foi divulgada, mas o ex-piloto e preparador havia sido internado por problemas respiratórios. A terceira parte dessa série, com outra lenda americana das pistas, Ford GT 40 em duas semanas.

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