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Tipos básicos de carrocerias V: Notchbacks (Três Volumes)
Continuando nossa série sobre os tipos básicos de carroceria, mostrarei a evolução do modelo de carroceria conhecido aqui como sedã, notchback nos EUA ou simplesmente três volumes de duas e quatro portas. Abrange também modelos coupés, sem carroceria fastback com duas portas. Lembre que para definir o que é um coupé de um sedã, é só ver o caráter do carro: Se for um desenho pacato, mais retilíneo e conservador e de desenho mais prático é um sedã. O espaço para os passageiros de trás conta, independente do número de portas. Um bom exemplo é o Opel Rekord, que tinha versões perua, sedã de 4 e 2 portas e uma versão fastback, que na versão brasileira que trocava o motor 4 em linha da Opel pelo Stovebolt 6 em linha do Impala (OPel com motor de impALA, saca?) a versão sedã de duas portas nunca foi fabricada, sendo preterida pela fastback. Na linha do irmão menor Chevette, Opel Kadet na Europa e o mesmo nome do brasileiro na versão Vauxhall, o duas portas era predominante devido ao gosto da época influenciado pelo Fusca apesar de ter opção pelas mais práticas 4 portas, depois veio o hactback, a perua e teve até uma versão pick-up apreciada tardiamente por aqui pela tração traseira, mas uma bonita versão fastback disponível na Europa e Austrália que foi preterida por aqui. O coupé costuma apresentar um desenho de caráter mais esportivo, com linhas mais provocantes. Um bom exemplo é o Mustang de 64 que tinha carrocerias coupé de três volumes, conversível e posteriormente uma versão fastback. Os sedãs tem linhas mais conservadoras e práticas e o destaque é o terceiro volume destacado na parte de trás.
Se você for um leitor atento, perceberá que não escrevi "porta-malas" para me referir ao terceiro volume. Há excessões, como o VW 1600, o Chevrolet Corvair, dentre outros que tinham motor traseiro, em vez da colocação usual no compartimento dianteiro como forma de diminuir custos e eliminar o pesado eixo cardã, transferindo o porta-malas para a dianteira.
No tempo das carroças, não havia uma preocupação em levar a bagagem em viagens. Simplesmente se pegavam as malas e as jogavam em compartimentos de cargas. Algumas carruagens para passageiros reservavam um lugar acima do teto para as bagagens de seus passageiros, e assim como o condutor, ficavam à mercê do clima. Com a chegada da "carruagem sem carroça" essa falta de preocupação continuava inexistente nos primeiros anos. Tanto que o cliente que comprava um coupé escolhia se queria um compartimento para a carga ou um banco adicional que aqui seria conhecido como o "banco da sogra".
Em alguns veículos havia uma adaptação em que aumentava a distância do para-choque traseiro em relação à carroceria, onde o condutor amarrava um baú na traseira. Em outros um bagageiro improvisado era colocado na traseira do veículo, onde as malas eram amarradas. Eram soluções pouco práticas. Nos anos 30 o compartimento de carga ganhava destaque nas propaganda dos novos modelos que começavam a adotavam as novas linhas "streamliners" e junto com elas um compartimento de bagagem que era acessado por cima ou rebatendo os bancos traseiros. Logo o compartimento ganhou uma porta exclusiva de acesso, facilitando a carga e descarga de malas. Um dos modelos que usou o termo "notchback" pela primeira vez foi o Cadillac 60, que já tinha um porta-malas mais saliente enquanto a concorrência ainda apostava no formato fastback. Até o começo da Segunda Guerra Mundial, os fabricantes faziam diferentes tipos de configuração de carrocerias que recebiam nomes como Phaeton, Landaulette, Touring dependendo do formato e número de lugares e esperavam que seus modelos não fossem extintos pelo darwinismo mercadológico.
No pós-guerra os modelos "notchback" tomaram de assalto a preferência do consumidos e reinaram até mais ou menos no meio dos anos 60. Nesse período, de 1946 a 1959, os temas aeronáuticos começaram a influenciar os desenhos até atingir o clímax em 1959 com as enormes aletas com mais de um metro de altura do Cadillac Eldorado. Essa influência estilística perdurou mais alguns anos em outros mercados, enquanto nos EUA a sobriedade tomou conta. Nos anos 70 os carros começaram a ficar com desenho cada vez mais retilíneo, tanto na Europa influenciada pela escola de estilo "dobradura de papel" de Giugiaro (Ital Design responsável pelo desenho de carros como Audi 80/VW Passat, Fiat Uno, Palio Fase II e III e Punto/Grand Punto) e nos EUA que adotavam desenhos cada vez mais retilíneos à medida que as sucessivas crises de petróleo e as exigências das seguradoras eliminavam os rococós estilísticos e os consumidores exigiam carros mais racionais, especialmente após a invasão japonesa.
Nos anos 90 as fomas quadradas foram dando lugar aos poucos à fomas mais suaves e arredondadas enquanto os faróis foram se afilando cada vez mais. O porta-malas ganha mais destaque, especialmente nos compactos e subcompactos que para ganharem mais capacidade diminuem a altura da vigia traseira ao ficarem cada vez mais altos. Os desenhos arrendondados tiveram seu auge no fim dos anos 90 especialmente com a "ovalização" que a Ford impôs aos seus produtos, e aos poucos estão voltando a ficar mais retilíneos, sem os exageros da "dobradura de papel", mas o terceiro volume está cada vez mais discreto nos novos sedans e embutido na carroceria abaixo de grossas colunas "C", especialmente os compactos que agora adotam entre-eixo de médios como o pioneiro Dácia/Renault Logan que sete anos depois está para ganhar uma nova geração e ver a concorrência aumentar com o surgimento dos "low-cost", ou carros para países "em desenvolvimento" que preferem a praticidade de um três volumes.
Na próxima coluna abordaremos os utilitários, inté.
Cadillac Fleetwood do mesmo ano em carroceria "notchback". A marca introduziria anos mais tarde o "rabo de peixe", tendência estilística que foi uma "coqueluche" na época. |
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