sábado, 28 de maio de 2011

MB Axor 2831 Bluetec 5 e Proncove P7: Alguém vai pagar a conta

Post originalmente publicado no Blog do Play dia 25/05/2011
Depois do fiasco do Proncove P6 ano retrasado, em que os caminhões sairiam da defasada norma Euro III para entrar na atualizada Euro IV, promovida principalmente pela Petrobrás pela sua incapacidade de fornecer um óleo diesel com baixo teor de enxofre, já vemos ensaios para o Proncove P7 que segue a norma Euro V vigente desde 2009 na Europa. A encrenca é que todo o trabalho de desenvolvimento de motores que atendessem a norma Euro IV quase foi jogado fora, além do dinheiro dispendido no desenvolvimento desses motores.
Agora antecipa-se a norma Proncove P7 em dois anos mas para os eco-chatos de plantão o estrago está feito, são 200 mil caminhões e ônibus estimados que foram fabricados com norma de emissões defasada e que rodarão por no mínimo 30 anos. Além disso, os postos de gasolina ainda não vendem o diesel S10 ou S50 fora do nordeste que tem uma modesta rede de 300 postos de gasolina com capacidade para receber o diesel limpo. E estamos praticamente a seis meses da instituição da norma P7 e não estamos vendo nenhuma movimentação por parte da Petrobrás e das redes de postos de combustível, o que faria os caminhões ficarem nos pátios das transportadoras por falta de combustível adequado. O problema é que sem o diesel limpo, ao contrário do S500 ou S1000 (1000 partes por milhão de enxofre), os motores carbonizarão e não haverá a tão esperada redução de 80% de material particulado (a conhecida fumaça preta) e de 60% de óxidos nitrosos (responsáveis pela chuva ácida e não pela destruição da camada de ozônio como alguns eco-desinformados espalham por aí). Acontece que os tanques que armazenam o S50 são diferentes dos tanques que armazenam S500 ou S1000 e custam a bagatela de80 mil reais cada um. E ainda tem o comércio do líquido catalizador, o ARLA 32 que é composto por 32% de uréia em solução aquosa e é injetado diretamente no escapamento dos caminhões pesados. A solução é responsável por derrubar em 60% das emissões de óxidos nitrosos, resultando em água e nitrogênio.
O terceiro ponto é quem paga a conta, já que esse diesel será mais caro, e ainda será acrescido de 5% de ARLA 32 por quilômetro rodado. Numa conta por cima, baseado nos preços praticados com a gasolina premium (aquela de alta performance...) que custa R$ 3,00 o litro, o blogueiro acredita que esse diesel custará na casa dos R$ 2,50 (preço de São Paulo, tem lugar que cobra na cara-dura mais de três reias o litro...) contra R$ 1,95 do diesel sujo. Fazendo as contas, usando como base um caminhão semi-pesado que segundo nossas contas extra-otimistas faria 5 km/l, em um trajeto de 400 km em asfalto teoricamente perfeito (quando é perfeito paga-se pedágio, e por eixo...), o caminhão gastaria 80 litros. A conta ficaria em R$ 156,00 com diesel sujo, e R$ 200,00 com o diesel limpo. Some a esses R$ 200,00 mais R$ 4,00 de ARLA 32, que segundo especialistas custaria, em previsão nada otimista, quase o mesmo preço do diesel sujo. A conta que fiz indicou um aumento tenebroso de 30,7% nos custos do combustível, resultando que o trabalho de décadas para diminuir o consumo nessa casa feito pelas engenharias das fábricas de motores vai parar nos cofres da Petrobrás. Se bem que aqui no Brasil quase tudo é idêntico à versão de demonstração do inferno que na hora é uma lindeza, e depois que assinou o contrato não tem como chorar e nem voltar atrás. E ainda duvido que algum eco-hippie venha falar em fazer um sacrifício pela "mãe terra" quando ver o preço do tomate orgânico disparar na prateleira do supermercado e a passagem do transporte coletivo aumentar.
O Mercedes Axor 2831 em modelo pré-série já adequado ao Proncove P7 ganha algumas alterações como o painel que ganha indicador de nível de ARLA 32 no tanque, dentro do indicador de combustível.
O caminhão pesado e o chassi de ônibus OF 1722 ganham algumas alterações, como tomada de ar separada, filtro de ar com sensor de humidade, escapamento em aço inox, bomba e reservatório de ARLA 32, que na foto são do ônibus.
No chassi de caminhão, o catalizador fica ao lado da bateria e do tanque de ARLA 32. Segundo a marca, só será necessária a troca do filtro de ARLA 32 a cada 2 anos, e os novos equipamentos duram tanto quanto a vida útil do veículo.

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