terça-feira, 19 de julho de 2011

Um novo jeito de caminhar

Com o setor automobilístico global em desaceleração, os olhos dos players de todo o mundo se voltam para o Brasil. Nem poderia ser diferente, afinal somos um porto atraente para os navios estrangeiros atracarem por aqui com seus carros recheados de conteúdo e preço competitivo: país continental, predominantemente rodoviário, economia emergente e um enorme mercado potencial de consumo de veículos esperando para ser explorado.
É notória a invasão positiva e crescente de outros competidores em curso em nosso mercado. E a pergunta que não quer calar é: o que estamos fazendo enquanto alguém consegue ser competitivo mesmo pagando 35% de imposto de importação?
O Brasil não é competitivo, todos reconhecem isso. As entidades representativas da cadeia automotiva têm feito o que podem na tentativa de convencer o governo a repensar a carga tributária sobre o automóvel e a atividade produtiva. Pesam, ainda, na cesta básica da indústria automobilística os insumos, as taxas, o custo da mão de obra; sem falar na valorização do real perante o dólar que expõe nossa fragilidade na competição internacional.
Para a engenharia, a resposta a essa equação pode ser tão simples quanto são complexos os caminhos para a competitividade nesses novos tempos. Há trabalho a fazer na manufatura brasileira de veículos. Essa questão passa por treinamento e capacitação da mão de obra, revisão da tecnologia aplicada, máquinas mais eficientes e tantas outras coisas. Se quisermos ser mais competitivos que os chineses, não podemos ir pelo custo da mão de obra deles, mas verificar a eficiência com que aplicamos nossos recursos humanos.
Sim, o caminho é conhecido; novo é o jeito de caminhar. Trabalhar com metas anuais fixas de produtividade apenas para conquistar objetivos e dar a tarefa por cumprida já não basta para o salto competitivo que queremos dar. Buscar a referência em cada um dos requisitos da produção excelente é o ponto de partida. Quanto custa por dia a unidade produzida na planta mais eficiente do mundo? Qual a parcela representativa para cada item – água, energia elétrica, taxa de refugo, horas extras no total dessa conta?
Trabalhar na engenharia eficiente, atrás de robustez e qualidade para uma manufatura atualizada com as demandas do mercado, é a nossa parte. Nossos custos operacionais são altos e aí deve estar o maior foco da nossa estratégia. Acredito que o trabalho mais analítico das nossas operações é capaz de levar os times a se concentrarem mais nos resultados do que nos índices.
Estamos sendo desafiados pelos competidores globais. A hora de mexermos nessa massa é agora, pensar e agir como um País de custo elevado e mergulhar na análise da situação. Somos inovadores, dominamos a tecnologia; o Brasil tem condições e vontade de crescer em competitividade. Só precisamos desafiar os nossos times de trabalho, porque o desafio é o combustível para alcançarmos os nossos objetivos. (Vagner Galeote, Presidente da SAE BRASIL)

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